Para quem não acompanhava o mundo do rock com alguma atenção, o sucesso mundial do disco
Born In The USA, em 1984, revelou um certo Bruce Springsteen, americano com visual machão e voz de quem cantava sempre usando uma cueca dois números menor que o ideal. A capa, com a buzanfa do autor numa calça jeans velha, tendo ao fundo as listras da bandeira americana, sugeria uma patriotada no estilo Rambo, tão comum na era Reagan. Algumas faixas, mais notadamente "Dancing In The Dark" e "Cover Me", com sintetizadores e batidas sincopadas, indicavam também uma pegada mais pop do que rock.
Todas essas idéias eram tremendas injustiças. Primeiro porque Bruce Springsteen era tudo, menos um fenômeno instantâneo. Nascido em 1949, ele ralava os untos desde o final dos anos 60, estreando em disco em 1973. Seu terceiro álbum,
Born To Run, de 1975, chegara ao terceiro lugar nas paradas americanas, e seu ambicioso álbum duplo
The River, de 1980, levou-o pela primeira vez ao topo das paradas.
Quanto à patriotada, era exatamente o contrário. Descendente de imigrantes irlandeses, holandeses e italianos, filho de um motorista de ônibus e de uma secretária, Springsteen nascera na classe média baixa de Nova Jersey, muito mais para
white trash que para W.A.S.P. (não a banda, claro). Sua música falava dos dramas econômicos, sociais e culturais do americano pobre, de seu misto de orgulho e desilusão, suas incertezas. Ou seja, tudo na contra-mão do ufanismo sem escrúpulos dos yuppies da era Reagan, revivido como farsa na era Bush filho.
Por fim, o som. De fato, como praticamente toda a música americana dos anos 80,
Born In The USA tinha um apelo mais radiofônico, mas não o suficiente para classificar Springsteen como artista pop. Era um roqueiro dentro daquela tradição meio inclassificável do rock americano, às vezes pesado sem ser hard, às vezes suave sem ser pop.
Para se ter uma idéia mais precisa do verdadeiro som de Bruce Springsteen, o ideal é esta caixa, lançada em 1986, cobrindo uma década de show dele com sua E-Street Band. A começar pela belíssima versão acústica e intimista de "Thunder Road", uma de suas melhores letras. Outra faixa que merece muito destaque é "The River", com um piano adorável de Roy Bittan e uma longa introdução falada em que Springsteen conta para a platéia, provavelmente muito mais nova, os dilemas de ser um jovem roqueiro rebelde num meio pobre e conservador na América dos anos 60.
Disc: 1
1. Thunder Road
2. Adam Raised A Cain
3. Spirit In The Night
4. 4th of July, Asbury Park (Sandy)
5. Paradise By The 'C'
6. Fire
7. Growin' Up
8. It's Hard To Be A Saint In The City
9. Backstreets
10. Rosalita (Come Out Tonight)
11. Raise Your Hand
12. Hungry Heart
13. Two Hearts
DownloadDisc: 2
1. Cadillac Ranch
2. You Can Look (But You Better Not Touch)
3. Independence Day
4. Badlands
5. Because The Night
6. Candy's Room
7. Darkness On The Edge Of Town
8. Racing In The Street
9. This Is Your Land
10. Nebraska
11. Johnny 99
12. Reason To Believe
13. Born In The U.S.A.
14. Seeds
DownloadDisc: 3
1. The River
2. War
3. Darlington County
4. Working On The Highway
5. The Promised Land
6. Cover Me
7. I'm On Fire
8. Bobby Jean
9. My Hometown
10. Born To Run
11. No Surrender
12. Tenth Avenue Freeze Out
13. Jersey Girl
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