Ainda na categoria velharias, aqui está o primeiro disco solo do tecladista, guitarrista e cantor Ken Hensley. Se o distinto não sabe de quem estou falando, tá precisando de uma reciclagem de história musical. Nascido em Londres, em 1945, Hensley começou a tocar guitarra aos 12 anos, aprendendo sozinho com o auxílio de um manual. Embora seu interesse inicial fosse por soul, logo passou para o blues rock, montando, em 1965 a banda The Gods (modesto nome, não?) com o também guitarrista Mick Taylor, que mais tarde se juntaria aos Rolling Stones.
Embora Hensley fosse o principal compositor e o líder inconteste da banda, não tinha fôlego para competir com Taylor na guitarra. Com isso, tomou uma decisão fundamental para o futuro de sua carreira: passou a tocar órgão Hammond. Completavam a formação os irmãos Glascock, Brian (bateria) e John (baixo), mais tarde membro do Jethro Tull. Ao longo de quatro anos, o grupo foi um celeiro de bons músicos. Passaram por lá Greg Lake (que seguiria para o King Crimson e o ELP) e dois futuros colegas de Hensley, o excelente baixista Paul Newton e o não menos brilhante baterista Lee Kerslake. Newton deixaria a banda para se juntar a um quarteto de blues rock já citado no blog, chamado Spice.
Depois de dois discos, The Gods juntou forças com o vocalista Cliff Bennett e mudou de nome para Toe Fat. Hensley gravou um disco com eles, até receber um telefonema de Paul Newton. O Spice estava em estúdio gravando seu primeiro disco, e o empresário e produtor Gerry Brown queria “dar uma virada” na banda. Na avaliação dele, o blues rock já tinha atingido o ápice, e o futuro estava na sonoridade mais trabalhada das bandas que estavam definindo o progressivo e o hard rock. Para dar essa nova cara ao Spice, um tecladista era fundamental. O próprio Brown escolheu Hensley e encarregou Newton de convidá-lo. Também foi do produtor a idéia de renomear o grupo como Uriah Heep.
Embora muito do som do grupo já estivesse impresso no DNA do Spice, Hensley sentiu-se em casa e passou a dividir a liderança da banda com o guitarrista Mick Box – o vocalista David Byron apitava muito menos do que o público imaginava. Uma prova disso é que o tecladista assinava os textos dos encartes dos primeiros discos e algumas das composições mais significativas. Entre suas músicas está o primeiro sucesso do grupo (e uma das minhas canções pagãs favoritas): “Lady In Black”, de
Salisbury. Aliás, é Hensley, e não Byron, que a canta em estúdio.
Em 1973, o Uriah Heep estava no auge, com a formação estabilizada em torno de Hensley, Byron, Box, o baixista Gary Thain e o baterista Lee Kerslake (o mesmo de The Gods e Toe Fat). Com o sucesso, o tecladista sentiu-se à vontade para se aventurar num trabalho solo, gravando este disco que agora a Caverna oferece.
Como não poderia deixar de ser, é a cara o Uriah Heep do início dos anos 70. Até porque, fora poucas intervenções do baixista Dave Paul, a cozinha ficou por conta de Kerslake e Thain, enquanto Hensley canta e toca guitarra, violão e teclados. Com um pé no prog e outro no hard rock, são dez faixas de puro prazer. O único senão é a versão para “Rain”, a mesma música que o Uriah Heep gravou em
The Magicians Birthday. Com todo respeito a Hensley, mas bater chapa com David Byron era um pouquinho demais.
Só para não interromper a história no meio: Ken Hensley continuou no Uriah Heep até 1980. Tocou por dois anos com o Blackfoot, lançou seu terceiro disco solo e ficou mais ou menos inativo (fora participações em discos alheios, como
The Headless Children, do W.A.S.P.) até fins dos anos 1990. De lá para cá, voltou com força total, misturando regravações de clássicos do Uriah Heep com material próprio inédito. Esse ainda tem muito para oferecer.
Ah, os arquivos estão em adoráveis 320 kbps.
1. When Evening Comes
2. From Time To Time
3. King Without A Throne
4. Rain
5. Proud Words
6. Fortune
7. Black-Hearted Lady
8. Go Down
9. Cold Autumn Sunday
10. The Last Time
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Um comentário:
O link no rapidshare está morto. pode postar de novo?
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