Galera, estes dois discos são totalmente fora do escopo da Caverna – a não ser pelo critério qualidade –, mas merecem estar disponíveis pela raridade e por serem um documento inestimável dos últimos estertores da Música Popular Brasileira.
Em 1980, a TV Globo resolveu apostar novamente no formato dos “Festivais da Canção”, que definiu o que se convencionou chamar de MPB, uma música feita, em geral, por pessoas oriundas do meio universitário, com alto grau de sofisticação melódica e lírica e, freqüentemente, abordando temas políticos e sociais que incomodavam o regime militar. Podia ser samba, música regional ou até um híbrido com rock, o rótulo era bem abrangente. Mas, paradoxalmente, não incluía os gêneros realmente populares (melhor dizendo, popularescos), como música cafona, depois chamada de brega, ou sertaneja mais autêntica.
No caso do MPB 80, milhares de artistas enviaram canções, que passaram por uma pré-seleção antes das eliminatórias, realizadas no Teatro Fênix, o mega-estúdio onde a Globo gravava seus (bons) programas musicais e bombas como Cassino do Chacrinha. Dessas eliminatórias saíram vinte e dois finalistas, registrados nos dois LPs aqui presentes. Como, não sabe o que é LP? Faça uma pesquisa na Wikipedia, criança!
Respeitados os parâmetros da MPB definidos lá em cima, a seleção era um apanhado particularmente feliz do que se produzia em termos de música de qualidade no Brasil – lembrando que o rock brasileiro estava num certo hiato. Temos uma presença forte da música nordestina, incluindo sua vertente mais hermética, representada por “Pinhão na Amarração”, composta por Elomar e defendida por com garra por Décio Marques – como em todas as canções de Elomar, a letra é escrita em “linguagem dialetal sertaneza”, virtualmente incompreensível em alguns momentos. O samba está presente em forma estilizada, na bela “Essa Tal Criatura”, de Leci Brandão, e pura, no samba de roda “Reunião de Bacana”, escrito pelo figuraça Dicró e cantado pelo Exporta Samba. Seu refrão clássico, “se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”, continua tristemente perfeito.
O gênero dominante seria uma espécie de “música urbana” com toques românticos (sem cair na breguice) e altamente sofisticada. Alguns arranjos chegavam às raias da grandiloqüência, como “Anunciação” e “Porto Solidão”. Nos dois casos, porém, a extrema qualidade dos intérpretes – Zezé Motta e Jessé, respectivamente – nos faz relevar o exagero. Aliás, sinal dos tempos, o desconcertantemente afinado Jessé era pastor protestante, mas defendeu no festival uma música sem qualquer cunho religioso.
A grande polêmica (e a coisa mais parecida com rock a dar as caras) ficou por conta de “O Mal É o Que Sai da Boca do Homem”, de Pepeu Gomes e Baby Consuelo. O verso (“Você pode fumar baseado / baseado em que você pode fazer quase tudo”) conquistou a rapaziada e provou a ira da censura oficial. A canção chegou a ser proibida, tocando nas rádios em versão instrumental, mas acabou liberada para a finalíssima.
A final, no Maranãzinho, despertou paixões. Imagino que até a desconhecida Mariama tivesse sua torcida. O grande vencedor acabou sendo Oswaldo Montenegro, com “Agonia”, de Mongol – particularmente, acho uma música menor dentro do repertório dele, e nem de longe a melhor entre as finalistas. O segundo lugar ficou com Amelinha, cantando “Foi Deus Quem Fez Você”, enquanto “A Massa”, composta e cantada por Raimundo Sodré, ficou em terceiro. O já citado Jessé levou Melhor Intérprete, e “Rio Capibaribe”, cantada pelo Quinteto Violado, Melhor Arranjo.
Mas por que eu falei em estertores lá em cima? Porque, em pouco mais de três anos, o cenário da música brasileira seria varrido por um aluvião de boçalidade chamado BRock. Esqueça a guitarra de Pepeu; o negócio eram dois acordes, se possível errados. Esqueça a afinação de Jane Duboc; o paradigma era Paula Toller, que ainda hoje desafina até em “Parabéns pra Você”. Enfim...
Volume 1
1. Agonia – Oswaldo Montenegro
2. Devassa – Fernanda
3. A Massa – Raimundo Sodré
4. Porto Solidão – Jessé
5. O Mal É o Que Sai da Boca do Homem – Baby Consuelo & Pepeu Gomes
6. Rio Capibaribe – Quinteto Violado
7. Clareana – Joyce
8. Reunião de Bacana – Exporta Samba
9. Diverdade – Diana Pequeno
10. Choro Alegre – Elza Maria
11. Pinhão na Amarração – Décio Marques
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Volume 2
1. Foi Deus Quem Fez Você – Amelinha
2. Tão Minha, Tão Mulher – Maurício Duboc
3. Demônio Colorido – Sandra Sá
4. Mais Uma Boca – Fátima Guedes
5. Hino Amizade – Zé Ramalho
6. Saudade – Jane Duboc
7. Rasta-Pé – Jorge Alfredo & Chico Evangelista
8. Essa Tal Criatura – Leci Brandão
9. Nostradamus – Duardo Dusek
10. Festa da Carne – Mariama
11. Anunciação – Zezé Motta
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MAGGIE KOERNER-THE BARTHOLOMEW SONGS (2022)
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E esta birosca *brenfoetílicomusical* segue com o firme propósito de
atualizar as discografias de algumas de suas preferências...até porque, sem
querer s...
Há um ano
10 comentários:
Dagda, fora do escopo, definitivamente. Mas é um post MARAVILHOSO!!! Coisa da adolescência. Procurava estes discos há um tempão. Tô cada vez mais fã do caverna.
VALEU MESMO!!!!
Abs.
Grande Dagda,
já que o Caverna é totalmente voltado ao Rock, nada mais justo você ter tomado a autêntica atitude roqueira de quebrar as regras; o tipo de coisa a ser celebrada.
Entre tantos ritmos e apresentações do MPB 80, dois exemplos da mesma atitude estão nesses discos:
1. Pepeu e Baby, em plena ditadura, cantando que 'você pode fumar baseado baseado em que você pode fazer quase tudo', com uma postura pós-hippie-desbunde-tropicalista, ferindo os tradicionalistas e militares, e pondo um sorriso e uma risada de deboche na boca da juventude menos alienada.
2. Eduardo Dusek de fraldas e asas de anjo, ao piano mandando ver a balada blues apocalíptica 'Nostradamus' - 'acorda, me traz um café, que o mundo acabou'. Deboche puro. Aliás o disco dele que tem essa música é um clássico esquecido da Música Brasileira.
Parabéns, meu camarada, por manter a boa tradição roqueira.
Grande abraço,
Marcello
Caro Dagda:
Obrigado por ter colocado fim a uma busca de mais de 25 anos!!!
Até hoje ainda discuto com alguns colegas do tempo de 2º grau (que eu cursava na época do MPB80) que Agonia não era pra ganhar o Festival. Ah, eu não estava no Maracanazinho, mas era da torcida da Mariama.
Por mais roqueiro que eu continuo sendo, naquela época, pela proposta e pelo que eu concebia como MPB, era pra ter dado Reunião de Bacana, com seu refrão que, mais que atual, era profético, infelizmante.
Uma vez mais, valeu mesmo e continue a quebrar regras, escopo é o escambau!!!!
Um abraço de Porto Alegre!
Colaboração para o Site:
Maxximum_Festa Anos 80.rar
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Festa Ploc_(2005).rar
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Menudo_Mania (1984).rar
http://www.mediafire.com/?8hj2zztynux
Acustico_Engenheiros_do_Hawaii_2_Novos_Horizontes
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1982_Pirlimpimpim
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Anos_80_Na Pista
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Dominó (85)
http://www.mediafire.com/?ezdnzmzdwgm
Dominó (86)
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Dominó (88)
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1983_plunct plact zum
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A turma do balao magico Vol 1
http://www.4shared.com/file/5830985/6541ad35/a_turma_do_balao_magico_1.html
A turma do balao magico Vol 2
http://www.4shared.com/file/5844764/bb19d660/A_Turma_do_Balao_Magico_2.html
As Capas estão dentro dos arquivos
Olah, brigado pela disponibilidade vc foi muito feliz qdo colocou estes cds espero que continue feliz e proporcione nossa felicidade tbm.
Dagda! obrigado por resgatar essas raridades. Valeu e já esstou curtindo o som da massa.
um grande abraço
antonio
Quem gosta do Queen, vai gostar disso aí.
Recomendo 1: Dinossauros, extinguam-se antes de ao menos tentar baixar tal patacada.
Recomendo 2: Aos demais, suicidio é uma boa opção.
Classificação em estrelas: Purpurina estelar.
Olá
Alguém tem a letra da música FESTA DA CARNE, cantora Mariana, do Festival MPB 80, volume 2?
A música é linda !!!!
Adorei, queria muito essas músicas
Bom dia tem como enviar esse links dos cds MPB 80 de novo...
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