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Esqueçam violinos, fagotes e coisas do gênero. O Deep Purple aqui é hard rock de pé embaixo, ainda que um tanto desconjuntado pelas brigas internas. Trata-se do último show da terceira formação, ainda com Ritchie Blackmore na guitarra.
O ano era 1975, e Blackmore estava de saco cheio. Seis anos antes, a entrada de Ian Gillan e Roger Glover na banda significara a consolidação do hard rock como estilo do grupo, em contraponto às visões mais ecléticas de Jon Lord. No final de 1973, porém, Gillan e Glover foram substituídos por David Coverdale e Glenn Hughes, o que implicou novo direcionamento. Os dois (especialmente Hughes) estavam imersos em soul music, gênero que, na época, também atraía a atenção de Jon Lord. Ian Paice, claro, estava ocupado demais dando porrada na bateria para se envolver com essas coisas.
Se a guinada era sutil em Burn, ficou bem clara em Stormbringer, levando Blackmore a decidir pela saída. Decidiu e ficou na dele. Para todos os efeitos, estava gravando um disco solo com membros do Elf, mas, na verdade, já via ali o embrião de sua nova banda, o Rainbow.
A turnê de divulgação de Stormbringer terminaria em abril com shows em Graz, na Áustria, e em Paris. As faixas 1 e 2 do disco 1 e 3 e 4 do disco 2 são da apresentação austríaca, enquanto as demais são do show parisiense. Como não há retoque perceptível, dá pra ouvir alguns erros, especialmente de Blackmore, que já estava no automático. Por outro lado, ele arrisca apresentar ao público riffs que estava usando em “Still I’m Sad” e “Man On The Silver Mountain”, do primeiro disco do Rainbow.
Pessoalmente, gosto de todos os vocalistas do Purple (não considerando Joe Lynn Turner como tal), mas tenho que reconhecer que a tentativa de Coverdale e Hughes de cantar “Smoke On The Water” fica sofrível...
Disco 1
1. Burn 2. Stormbringer 3. The Gypsy 4. Mistreated 5. Lady Double Dealer 6. Smoke on the Water 7. You Fool No One
Quem já viu o encarte do duplo Deep Purple In Concert certamente estranha o grupo ser chamado de “progressivo” – até porque o Purple, junto com Led Zeppelin e Black Sabbath, foi um dos definidores do que viria depois a ser chamado de heavy metal. Entretanto, nem é tão viagem assim. No finzinho dos anos 60, a linha entre o rock pesado e o progressivo era um tanto tênue. Além disso, o Deep Purple tinha uma presença marcante dos teclados de Jon Lord e era famoso pelos longos improvisos ao vivo, características bem prog.
Mas talvez o que mais permita esse tipo de classificação seja o namoro do grupo com a música erudita, patrocinado por Jon Lord. São esses dois, que a Caverna traz para os visitantes. Deixei de fora Live At Albert Hall, de 1999, porque já caiu na categoria pastiche.
Concerto For Group And Orchestra (1970)
A figura dominante na primeira fase do Deep Purple foi mesmo Jon Lord. Nos três primeiros discos, seu órgão (sem trocadilho, por favor) era preponderante nos arranjos, embora Richie Blackmore já mostrasse ao vivo os solos que o transformariam numa lenda da guitarra. Em termos de estilo, aquela fase era um tanto indefinida, um psicodélico pesado na linha do Vanilla Fudge.
A substituição de Rod Evans e Nick Simper por Ian Gillan e Roger Glover permitiu uma redefinição da banda, mas para que lado? Para o som mais elaborado de Lord ou mais pesado de Blackmore. O último álbum com os membros originais, chamado apenas Deep Purple, fora o mais prog de todos, daí Lord ter podido ditar o caminho do trabalho seguinte: nada menos que um concerto inteiro composto por ele para a banda e uma orquestra.
A idéia era original? Nem de longe. Os Beatles usaram orquestra no Sgt. Peppers; Moody Blues fez um disco inteiro com essa combinação. O recurso também foi usado por The Nice e Caravan. De qualquer forma, em 1969, o grupo subiu ao palco do Royal Albert Hall ao lado da Real Orquestra Filarmônica, sob a regência de Malcolm Arnold.
Além dos três movimentos compostos por Lord, o programa contou com uma versão superanabolizada do instrumental “Wring That Neck” e com a apresentação em primeiríssima mão de “Child In Time”, que só seria lançada no disco seguinte.
A resposta da crítica e do público ao disco foi aquém do esperado – embora, com o tempo, o concerto tivesse virado cult. Esse resultado serviu para consolidar a posição de Blackmore no direcionamento musical do grupo. O lançamento seguinte foi nada menos que o seminal “In Rock” – e o resto é história.
1. Wring That Neck 2. Child In Time 3. First Movement: Moderato, Allegro 4. Second Movement: Andante 3. Third Movement: Vivace, Presto
Cerca de um ano depois do Concerto, Jon Lord voltou à carga na linha rock com orquestra. Agora, porém, com características diferentes. Primeiramente, seu novo projeto era uma encomenda da BBC. “Segundamente”, embora fosse tocada pelo Deep Purple, com alguns convidados, a versão de estúdio saiu em 1971 como o primeiro disco solo do tecladista.
Embora tenha havido um show do Deep Purple com a orquestra da Light Music Society, em 17 de setembro de 1970, essa gravação ficou inédita por mais de duas décadas. Pode parecer heresia, mas eu acho melhor que o concerto.
1. First Movement: Guitar, Organ 2. Second Movement: Voice, Bass 3. Third Movement: Drums, Finale
Atenção, galera, este aqui é um bootleg autêntico, com som de conversa na platéia e tudo o mais. Nada de mesa de som. Mas não tinha como privar a galera de uma apresentação de Ace Frehley ao vivo. O repertório é calcado no material do Kiss (contando aí seu disco solo quando ainda era do grupo), com algumas canções de sua carreira após sair da banda. Dividi em dois discos para quem quiser queimar. O segundo tem curiosidades, como um medley de clássicos e três músicas do Kiss cantadas e compostas originalmente por Paul Stanley e Gene Simmons.
Confesso que fiquei muito decepcionado na única vez que vi Ace ao vivo, no show do Kiss em Interlagos. Ace estava visivelmente chapado e errava feito um doido. Aqui não. Neste show ele mostra porque, mesmo sem ser um virtuose, influenciou toda uma geração de guitarristas de hard rock.
Ah, a capa tosca (com um f a mais) é de minha autoria mesmo.
Disco 1
1. Rip It Out 2. Hard Times 3. Parasite 4. Snowblind / I Want You / Rock Soldiers 5. Breakout 6. Into The Void 7. Strange Ways 8. Shock Me 9. Ace’s Solo 10. New York Groove 11. Shot Full Of Rock 12. Rocket Ride
Galera, sei este aqui que foge um muito do escopo do blog, mas eu adoro música flamenca. Aqui está um maravilhoso disco do violonista espanhol Manolo Sanlúcar. Desculpem-me os politicamente corretos, pois o disco é inteiramente dedicado à touradas.
1. Nacencia 2. Maletilla 3. Oracion 4. Maestranza 5. Capote 6. Tercio de Vara 7. Banderillas 8. Muleta 9. Puerta del Principe
Ozzy Osbourne já foi meu ídolo. Quer dizer, de certa forma ainda é. Eu ainda adoro o trabalho dele no Black Sabbath e em boa parte de sua carreira solo e me divertia com a sua maluquice, embora hoje veja isso mais como uma compulsão auto-destrutiva.
O problema é que, com o tempo, a postura de Ozzy mudou. Ao mesmo tempo em que deixava de ser roqueiro para virar comediante de TV (uma amiga minha de vinte e poucos anos se dizia fã de Ozzy sem jamais ter ouvido uma música dele), ele passou a tomar atitudes no mínimo questionáveis em relação a sua antiga produção musical. Não foram atitudes movidas por preocupações artísticas, mas por pura ganância e mesquinharia.
Em 2001, Bob Daisley e Lee Kerslake entraram com um processo contra Ozzy por que este (e sua mulher e empresária Sharon) não pagava-lhes direitos devidos por terem co-escrito canções e tocado em canções e tocado (respectivamente baixo e bateria) nos dois primeiros e melhor discos do comedor de morcegos. Em vez de pagar o que devia aos antigos companheiros, Ozzy foi para estúdio com o baixista Robert Trujillo e o baterista Mike Bordin e fez com que estes regravassem as passagens de baixo e bateria de Blizzard Of Ozz e Diary Of A Madman, lançando as “novas versões” para que Daisley e Kerslake nada recebessem pelo trabalho original.
Detalhe: Gene Simmons , assumidamente um cara que ama dinheiro no limite da imoralidade e não se furta a falar mal de antigos colegas, nunca cogitou refazer Lick It Up para privar Vinnie Vincent do justo pagamento por seu trabalho. Detalhe II – A Missão: A fama de Sharon Osbourne é tal que ela foi “homenageada” por Geezer Butler com a música “Digital Bitch”, do disco Born Again, do Black Sabbath.
Na esteira desses infelizes relançamentos, Ozzy deu uma “limpada” em sua discografia, banindo quatro títulos – pelo menos um deles pelo mesmo motivo torpe. Eles ainda podem ser encontrados na Europa e na Ásia, mas não circulam mais pelo mercado norte-americano – e, por tabela, brasileiro. Pois bem, em reverência ao Ozzy de ontem, a Caverna traz aqui os discos que o novo Ozzy não quer que você ouça.
Speak Of The Devil (1982)
Mil, novecentos e oitenta e dois foi um ano de cão para Ozzy. Em março, o genial guitarrista Randy Rhoads morreu num acidente de avião, jogando o vocalista numa depressão profunda, embora continuasse a se apresentar – Bernie Torme substitui Rhoads inicialmente, seguido por Brad Gillis.
Como ainda não havia material suficiente para um novo disco de estúdio, a idéia de Ozzy era lançar um disco ao vivo com gravações feitas com Rhoads. Porém, na metade do ano, o Black Sabbath anunciou a intenção de lançar até o fim do ano seu primeiro disco ao vivo oficial, tendo Ronnie James Dio nos vocais. A Epic, gravadora de Ozzy, decidiu que, para fazer frente a esse lançamento, era preciso um disco não da carreira solo dele, mas de seus clássicos com o Sabbath.
Este é o resultado, um disco cercado de controvérsias. Embora Ozzy sempre tenha cantado músicas do Sabbath (de mais a mais, ele é co-autor delas), um show somente com repertório da antiga banda era algo inédito e jamais repetido. Na mesma hora surgiram rumores de que o disco era fajuto, gravado em estúdio ou, na melhor das hipóteses, no palco sem platéia, com os berros desta acrescentados depois. Como não há um só bootleg desse show, a suspeita só faz crescer.
Para aumentar a controvérsia, foi lançado em VHS com o mesmo nome (chegou a sair em DVD de banca de jornal por aqui) mas com repertório completamente diferente daquele do disco – só as duas últimas faixas estão nos dois.
Talvez por esses motivos Ozzy tenha excluído o disco de sua discografia original, mas ele merece uma audição. Primeiro porque o repertório é invejável. E segundo porque era, até então, o único registro do grande baixista Rudy Sarzo na banda de Ozzy. Junto com Tommy Aldridge, ele formou uma cozinha impecável. Pena que Brad Gillis suma ao tentar fazer as vezes de Tony Iommi.
1. Symptom of the Universe 2. Snowblind 3. Black Sabbath 4. Fairies Wear Boots 5. War Pigs 6. The Wizard 7. N.I.B. 8. Sweet Leaf 9. Never Say Die 10. Sabbath Bloody Sabbath 11. Iron Man / Children of the Grave 12. Paranoid
Quem viu o show de Ozzy no Rock In Rio (e eu vi na fila do gargarejo) lembra até hoje a intensidade da apresentação. O repertório, calcado nos três discos solo dele até então, era irretocável, enquanto a banda estava perfeita, com Daisley, Aldridge e mais Don Airey nos teclados e o novato Jake E. Lee debulhando na guitarra. Vendo aquele show, mal podíamos esperar pelo próximo disco de estúdio de Ozzy.
Quando o disco veio, um ano depois, foi um tremendo corta tesão. Da formação do show aqui, só Jake E. Lee permanecia – Daisley ajudou a compor quase tudo, mas brigou com Ozzy no início das gravações. The Ultimate Sin vinha embalado em muita lantejoula, com muito laquê e tudo o mais da fórmula do glam metal que dominava as paradas americanas de então. Embora tivesse algumas músicas boas, em especial “Killer Of Giants”, faltava-lhe o punch dos discos anteriores. A música de trabalho, “Shot In The Dark”, era pop de doer. Do ponto de vista comercial, porém, foi um sucesso absoluto.
O motivo para o disco sair do catálogo foi pura mesquinharia. Phil Soussan, baixista que substituiu Daisley, escreveu com Ozzy a citada “Shot In The Dark”. Na verdade, ele trouxe a música pronta de sua banda anterior, a Wildlife. Ozzy mandou que ele refizesse a letra e exigiu co-autoria para gravá-la. O compacto chegou ao décimo lugar da parada de rock e motivou dois processos que Soussan abriu, após ser demitido por Ozzy, alegando também a falta de pagamento de royalties.
1. The Ultimate Sin 2. Secret Loser 3. Never Know Why 4. Thank God for the Bomb 5. Never 6. Lightning Strikes 7. Killer of Giants 8. Fool Like You 9. Shot in the Dark
Este aqui eu não consigo entender o motivo para ser excluído. Após o pop The Ultimate Sin, Ozzy lançou em 1988 o pesado No Rest For The Wicked, com o garoto Zakk Wylde substituindo Jake E. Lee. Embora Bob Daisley tenha tocado o baixo no estúdio, o encarte já trazia a foto do novo integrante da banda, um certo Terrence “Geezer” Butler.
Lançado em 1990, este EP ao vivo foi, oficialmente, gravado na Inglaterra. Na verdade, o som da platéia veio de um show de Ozzy gravado nos EUA para a MTV. Picaretagem da grossa, mas o resultado vale a pena.
1. Miracle Man 2. Bloodbath in Paradise 3. Shot in the Dark 4. Tattooed Dancer 5. Sweet Leaf 6. War Pigs
No vídeo, “Miracle Man” ao vivo, com Geezer Butler no baixo:
Live & Loud (1993)
Por fim, outro de não deveria sair de catálogo. Em 1983, na esteira do lançamento do bom No More Tears, Ozzy caiu na estrada dizendo que aquela seria sua última turnê. Diversos shows foram gravados e compilados neste álbum , culminando com uma apresentação da formação original do Black Sabbath.
O repertório reúne o melhor da carreira solo de Ozzy, e a banda está quicando nos cascos.
Disco 1
1. Intro 2. Paranoid 3. I Don't Want To Change The World 4. Desire 5. Mr. Crowley 6. I Don't Know 7. Road To Nowhere 8. Flying High Again 9. Guitar Solo 10. Suicide Solution 11. Goodbye To Romance
1. Shot In The Dark 2. No More Tears 3. Miracle Man 4. Drum Solo 5. War Pigs 6. Bark At The Moon 7. Mama, I'm Coming Home 8. Crazy Train 9. Black Sabbath 10. Changes
Galera, aqui o novo disco do trio pagão inglês Inkubus Sukkubus. Seus discos anteriores tinham fugido um pouco da temática pagã em direção a um gótico mais convencional, mas este aqui representa mais uma virada. É praticamente um disco conceitual, centrado na relação entre a morte e o amor e na forma como a cultura mexicana lida com os dois temas. Essa temática mexicana trouxe um ou outro violão, embora, em síntese, o som não tenha perdido muito das características do grupo.
1. Love Eternal 2. Fiesta de Amor 3. Death Comes (the wedding night) 4. Living Death 5. Emergence 6. We Walk Again 7. (Our) Love Will Endure 8. Live to Hate (the living fear the dead) 9. Decaying Beauty 10. The Endless Night
Galera, já que Dagda está com a cachorra hoje, vamos pra uma novidade que já está circulando por blogs mais que recomendados, como o Combe do Iommi e o Metal Prudente. Trata-se do primeiro disco do Heaven & Hell – pra quem não sabe, o nome de fantasia do quarteto Ronnie James Dio, Tony Iommi, Geezer Butler e Vinnie Appice.
Só ouvi uma vez, mas achei bem legal. Pra ser sincero, melhor que Dehumanizer último registro dessa formação ainda sob o nome Black Sabbath, ainda que não chegue nem perto de Mob Rules ou do genial Heaven & Hell, ainda com Bill Ward na bateria.
1. Atom & Evil 2. Fear 3. Bible Black 4. Double the Pain 5. Rock & Roll Angel 6. The Turn of the Screw 7. Eating the Cannibals 8. Follow the Tears 9. Neverwhere 10. Breaking into Heaven
Galera, ainda comemorando o show do Kiss, aqui está um bootleg semi-oficial, com som direto da mesa, gravado ano passado na Finlândia. O repertório é o mesmo do show de Sampa, pois aqui no Rio ficamos sem “Love Gun”.
Está em 320kbps e com capas e captures. Assim, precisei quebrar em três arquivos. Disco 1
1. Deuce 2. Strutter 3. Got to Choose 4. Hotter Than Hell 5. Nothin' to Lose 6. C'mon and Love Me 7. Parasite 8. She 9. 100.000 Years 10. Cold Gin
Disco 2
1. Let Me Go Rock’n’Roll 2. Black Diamond 3. Rock And Roll All Nite 4. Shout It Out Loud 5. Lick It Up 6. I Love It Loud 7. I Was Made For Lovin’ You 8. Love Gun 9. Detroit Rock City
Galera, na quarta-feira, por volta de meia-noite e meia, eu cheguei em casa cansado, ensopado, surdo e feliz da vida. Tive a alegria de ver, pela terceira vez, um show do Kiss. Para comemorar, boto aqui a discografia ao vivo da banda. Só deixei de fora a coletânea You Wanted the Best, You Got the Best!!, feita com sobras dos anteriores.
Alive! (1975)
Este é o disco ao vivo. Naquele momento, o Kiss vivia a bizarra situação de ser um fracasso de vendas de discos e um sucesso absoluto em shows. A gravadora Casablanca Records estava à beira da falência, o que implicaria praticamente o fim da banda. Foi quando alguém teve uma idéia maluca: gravar um álbum duplo ao vivo – extra-oficialmente seria o canto do cisne tanto da Casablanca quanto do Kiss. Um “canto do cisne” que vendeu milhões de cópias, catapultou o grupo para o estrelato e salvou a gravadora.
O disco é perfeito. Pesado, com um repertório impecável (repetido quase integralmente nos shows da atual turnê) e mostrando uma banda coesa e motivada. O som era tão bom que muita gente acusou o grupo de refazer em estúdio as gravações – implicar com o Kiss é o passatempo favorito de parte da imprensa dos EUA. Na época, o produtor Eddie Kramer disse que fez pouquíssimos ajustes, como corrigir o som de uma corda de guitarra arrebentando ou um erro mais grosseiro. Depois, após brigar com o grupo, disse que o algum fora mesmo quase todo refeito em estúdio. Porém, a cada hora dá uma versão diferente para o que seria original, o que lhe tira muito da credibilidade.
Disco 1
1. Deuce 2. Strutter 3. Got to Choose 4. Hotter Than Hell 5. Firehouse 6. Nothin' to Lose 7. C'mon and Love Me 8. Parasite 9. She
O enorme sucesso do Kiss após Alive! e a renomada excelência de seus shows deixavam claro que era só questão de tempo até um novo disco ao vivo dar as caras. No início de 1977, a banda estava à beira de uma estafa após quase três anos ininterruptos de shows e gravações, com efeitos devastadores sobre o baterista Peter Criss e o guitarrista Ace Frehley. Como a Casablanca pressionava por um novo lançamento, o empresário teve a idéia de sacar outro disco ao vivo. O mesmo Eddie Kramer recebeu ordem de trabalhar gravações de um show no Budokan, em Tóquio. O resultado, porém, desagradou do grupo – tanto pela qualidade do som quanto pelo fato de o repertório ser muito parecido com o do ao vivo anterior.
Com o cancelamento do ao vivo, a banda foi em frente e gravou Love Gun, mas a idéia germinou. O problema era a decisão de não repetir músicas de Alive. Mesmo incluindo canções discutíveis, como “Christine Sixteen” e “Tomorrow And Tonight”, o material não era suficiente para encher um álbum duplo. Assim, o último lado do segundo LP (depois as últimas cinco canções do segundo CD) foi gravado em estúdio. Essas gravações evidenciaram um problema crescente dentro da banda. Ace Frehley não participou de quatro das cinco músicas, substituído por Bob Kulick.
Desta vez, as acusações de retoque em estúdio foram difíceis de espalmar, por o som tem algo artificial, mesmo. E á ao menos uma picaretagem assumida: a versão da citada “Tomorrow And Tonight” não foi gravada no show de Los Angeles e sim na passagem de som realizada horas antes. Como ficou melhor que na versão da apresentação de fato, simplesmente incluíram o som da platéia. Ah, “I Want You” e “Beth” (esta eu acho absolutamente dispensável, um tremendo corte no clima do disco) foram tiradas das gravações do Budokan.
Disco 1
1. Detroit Rock City 2. King of the Night Time World 3. Ladies Room 4. Makin' Love 5. Love Gun 6. Calling Dr. Love 7. Christine Sixteen 8. Shock Me 9. Hard Luck Woman 10. Tomorrow and Tonight
1. I Stole Your Love 2. Beth 3. God of Thunder 4. I Want You 5. Shout It Out Loud 6. All American Man 7. Rockin' in the U.S.A. 8. Larger Than Life 9. Rocket Ride 10. Any Way You Want It
A virada dos anos 80 para os 90 representou uma volta do Kiss ao sucesso, puxada pelo bom Hot In The Shade e pelo excelente Revenge. Um novo disco ao vivo era o resultado natural. Desta vez não houve restrições ao repertório, misturando clássicos a canções posteriores aos dois alives anteriores – eu trocaria “Heaven’s On Fire” por “War Machine” ou mesmo “The Oath”, mas aí já cai nas preferências, mesmo.
Desta vez há duas picaretagens explícitas. Como em Alive II, há uma música (“I Was Made For Lovin’ You”) gravada na passagem de som, com a platéia acrescentada depois. Já na faixa “I Just Wanna”, o refrão foi mudado. Paul Stanley e a platéia cantavam “I just wanna fuck”, mas a banda temia que isso levasse à colocação de selos com aviso aos pais, o que equivale a banir o disco das grandes lojas de departamentos. Assim, o refrão foi mexido para voltar a ser o “I just wanna fuh” da versão de estúdio.
1. Creatures of the Night 2. Deuce 3. I Just Wanna 4. Unholy 5. Heaven's on Fire 6. Watchin' You 7. Domino 8. I Was Made for Lovin' You 9. I Still Love You 10. Rock and Roll All Nite 11. Lick It Up 12. Forever 13. Take It Off 14. I Love It Loud 15. Detroit Rock City 16. God Gave Rock 'N' Roll To You II 17. The Star Spangled Banner
Elevado com justiça à categoria de banda clássica, o Kiss foi convidado para o inescapável acústico MTV, moda nos anos 90. Independentemente de ser fã do Kiss, eu acho esse um dos melhores acústicos da série. A banda vinha fazendo shows nesse formato há meses nas chamadas “Kiss Conventions” (aliás, nos arquivos da Caverna há um excelente bootleg de uma apresentação dessas na Austrália) e já sabia que músicas rendiam bem nos violões. Assim, trouxe para a MTV canções inusitadas de seu repertório, como “Plaster Caster”, “Comin’ Home” e “Sure Know Something”, e ainda resgatou jóias esquecidas, em especial “Goin’ Blind”, “A World Without Heroes” e “See You Tonite”, balada gravada por Gene Simmons em seu irregular disco solo.
Mas a grande atração do programa foi a presença de Ace Frehley e Peter Criss, resultando na primeira apresentação da formação original desde a turnê de Dynasty, em 1979. Antes mesmo de o show terminar, Bruce Kulick e Eric Singer sabiam que o bilhete azul deles já estava assinado.
1. Comin' Home 2. Plaster Caster 3. Goin' Blind 4. Do You Love Me 5. Domino 6. Sure Know Something 7. A World Without Heroes 8. Rock Bottom 9. See You Tonite 10. I Still Love You 11. Every Time I Look at You 12. 2,000 Man 13. Beth 14. Nothin' to Lose 15. Rock and Roll All Nite
Se os acústicos foram a moda do início dos anos 90, os show de rock pesado com orquestra foram a do final da década. Alive IV deveria ter sido outro (mais detalhes abaixo), mas problemas com a gravadora impediram o lançamento, cabendo o título a este aqui, o primeiro pelo selo Kiss Records.
A banda despencou-se para a Austrália e contratou a Orquestra Sinfônica de Melbourne, sob a regência de David Campbell, que também fez os arranjos. Embora Peter Criss pilote as baquetas, a maquiagem do Homem do Espaço já não escondia as cicatrizes de Ace Frehley, demitido da banda pouco antes. A guitarra solo agora estava a cargo de Tommy Thayer, até hoje com a banda.
O show foi dividido em três partes. As seis primeiras músicas do disco 1 foram gravadas só pelo Kiss. As cinco seguintes (incluindo “Shandi”, um inexplicável sucesso na Austrália) formam um set acústico com a sessão de cordas da orquestra. Já o segundo disco foi gravado pela banda com a orquestra completa. Graças à participação do Coral Infantil da Austrália, o público foi brindado com a primeira e única apresentação ao vivo de “Great Expectations”.
Uma certa ousadia no repertório e o tom de galhofa da orquestra (todos de fraque e com a maquiagem da banda) dão a esse disco um ar um tanto menos pretensioso que o dos demais discos sinfônicos da época – não obstante ser um ótimo disco.
Disco 1
1. Deuce 2. Strutter 3. Let Me Go, Rock 'N Roll 4. Lick It Up 5. Calling Dr. Love 6. Psycho Circus 7. Beth 8. Forever 9. Goin' Blind 10. Sure Know Something 11. Shandi
1. Detroit Rock City 2. King of the Night Time World 3. Do You Love Me 4. Shout It Out Loud 5. God of Thunder 6. Love Gun 7. Black Diamond 8. Great Expectations 9. I Was Made for Lovin' You 10. Rock and Roll All Nite
Chegamos ao que deveria ter sido Alive IV. Sempre pareceu estranho que a volta da formação original não tivesse gerado um único disco ao vivo. Ok, Ace estava errando horrores, como vimos em Interlagos, mas nada que (mais) uma mexidinha em estúdio não resolvesse. A verdade é que o disco existia, mas não chegou a sair.
O show foi gravado no dia 31 de dezembro de 1999, daí seu nome – tem gente que não consegue entender que o “milênio” só começou em 2001, mas tudo bem. Uma capa chegou a ser preparada e a produção estava relativamente avançada quando a Vivendi comprou a Universal Music, conglomerado que controlava a Mercury, selo do Kiss. Segundo a banda, nesse processo, o comando da Mercury foi entregue a um grupo de executivos ligados a uma boçalidade chamada “gangsta rap” e que não tinha interesse em investir em rock. Com sua adorável incorreção política, Gene Simmons disse numa entrevista que pensou até em assaltar um banco e matar e estuprar algumas pessoas para ver se atraía a simpatia dos ditos executivos.
O disco só veio a público em 2005, numa caixa que reuniu também os Alives I, II e III.
1. Psycho Circus 2. Shout It Out Loud 3. Deuce 4. Heaven's On Fire 5. Into the Void 6. Firehouse 7. Do You Love Me? 8. Let Me Go, Rock 'n' Roll 9. I Love It Loud 10. Lick It Up 11. 100,000 Years 12. Love Gun 13. Black Diamond 14. Beth 15. Rock and Roll All Nite
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