Quem já viu o encarte do duplo Deep Purple In Concert certamente estranha o grupo ser chamado de “progressivo” – até porque o Purple, junto com Led Zeppelin e Black Sabbath, foi um dos definidores do que viria depois a ser chamado de heavy metal. Entretanto, nem é tão viagem assim. No finzinho dos anos 60, a linha entre o rock pesado e o progressivo era um tanto tênue. Além disso, o Deep Purple tinha uma presença marcante dos teclados de Jon Lord e era famoso pelos longos improvisos ao vivo, características bem prog.
Mas talvez o que mais permita esse tipo de classificação seja o namoro do grupo com a música erudita, patrocinado por Jon Lord. São esses dois, que a Caverna traz para os visitantes. Deixei de fora Live At Albert Hall, de 1999, porque já caiu na categoria pastiche.
Concerto For Group And Orchestra (1970)
A figura dominante na primeira fase do Deep Purple foi mesmo Jon Lord. Nos três primeiros discos, seu órgão (sem trocadilho, por favor) era preponderante nos arranjos, embora Richie Blackmore já mostrasse ao vivo os solos que o transformariam numa lenda da guitarra. Em termos de estilo, aquela fase era um tanto indefinida, um psicodélico pesado na linha do Vanilla Fudge.
A substituição de Rod Evans e Nick Simper por Ian Gillan e Roger Glover permitiu uma redefinição da banda, mas para que lado? Para o som mais elaborado de Lord ou mais pesado de Blackmore. O último álbum com os membros originais, chamado apenas Deep Purple, fora o mais prog de todos, daí Lord ter podido ditar o caminho do trabalho seguinte: nada menos que um concerto inteiro composto por ele para a banda e uma orquestra.
A idéia era original? Nem de longe. Os Beatles usaram orquestra no Sgt. Peppers; Moody Blues fez um disco inteiro com essa combinação. O recurso também foi usado por The Nice e Caravan. De qualquer forma, em 1969, o grupo subiu ao palco do Royal Albert Hall ao lado da Real Orquestra Filarmônica, sob a regência de Malcolm Arnold.
Além dos três movimentos compostos por Lord, o programa contou com uma versão superanabolizada do instrumental “Wring That Neck” e com a apresentação em primeiríssima mão de “Child In Time”, que só seria lançada no disco seguinte.
A resposta da crítica e do público ao disco foi aquém do esperado – embora, com o tempo, o concerto tivesse virado cult. Esse resultado serviu para consolidar a posição de Blackmore no direcionamento musical do grupo. O lançamento seguinte foi nada menos que o seminal “In Rock” – e o resto é história.
1. Wring That Neck
2. Child In Time
3. First Movement: Moderato, Allegro
4. Second Movement: Andante
3. Third Movement: Vivace, Presto
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No vídeo, parte do primeiro movimento:
Gemini Suite Live (1993)
Cerca de um ano depois do Concerto, Jon Lord voltou à carga na linha rock com orquestra. Agora, porém, com características diferentes. Primeiramente, seu novo projeto era uma encomenda da BBC. “Segundamente”, embora fosse tocada pelo Deep Purple, com alguns convidados, a versão de estúdio saiu em 1971 como o primeiro disco solo do tecladista.
Embora tenha havido um show do Deep Purple com a orquestra da Light Music Society, em 17 de setembro de 1970, essa gravação ficou inédita por mais de duas décadas. Pode parecer heresia, mas eu acho melhor que o concerto.
1. First Movement: Guitar, Organ
2. Second Movement: Voice, Bass
3. Third Movement: Drums, Finale
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Infelizmente não existe registro em vídeo da gravação de Gemini Suite.
MAGGIE KOERNER / Atualização
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Atualização de links para os álbuns '*Quarter Life*' e '*Neutral Groud*',
atendendo -e gradecendo!- a pedidos.
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Há um ano
Um comentário:
Não conhecia essa Gemini Suite, que é realmente foda demais. Queria ir a São Paulo pra assistir o Concerto para Grupo e Orquestra ao vivo, mas a gripe suína e a crise impedem minha ida...
Valeu pelas pérolas.
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