Na esteira do excelente show do Uriah Heep no Canecão, boto aqui aquela que considero a fase áurea do grupo (e, não por acaso, ocupou a maior parte do
set list). Todos os discos são as chamadas edições remaster
Very 'Eavy, Very 'Umble (1970)Para quem não sabe, o Uriah Heep é quase uma banda armada. Até 1969, chamava-se Spice e era composta por David Byron no vocal, Mick Box na guitarra, Paul Newton no baixo e Ollie Olsson na bateria. A moda na época eram as bandas com teclados e o empresário resolveu dar uma repaginada naquele quarteto bluseiro. Enfiou um órgão na banda, melhor dizendo, contratou um tecladista (Ken Hensley, que também cantava e tocava guitarra), e mudou o nome deles para Uriah Heep, o vilão do livro
David Coperfield, de Charles Dinkens.
O primeiro disco é este, cujo título ("Muito pesado, muito humilde", com sotaque
cockney) soa como uma referência à personalidade cruel e subserviente do personagem de Dinkens. O som ainda é uma coisa um tanto híbrida, com uma banda tendo que reinventar o próprio som sem saber bem para onde ir. Uma das melhor músicas é também a mais datada, a balada "Come Away Melinda", que fala de pai e filha sobreviventes de uma guerra nuclear - beeem anos 70.
Ah, o disco saiu nos EUA com outra capa, só com o nome do grupo e com "Bird Of Prey" no lugar de "Lucy Blues".
1. Gypsy
2. Walking In Your Shadow
3. Come Away Melinda
4. Lucy Blues
5. Dreammare
6. Real Turned On
7. I’ll Keep On trying
8. Wake Up (Set Your Sights)
Faixas bônus9. Gypsy (remix)
10. Come Away Melinda (versão alternative)
11. Born In A Trunk
DownloadSalisbury (1971)Este foi o primeiro disco do grupo que ouvi, e tenho uma relação afetiva forte com ele - provavelmente, sou o único ser humano que realmente gosta do vocal de "Bird Of Prey". Ainda de que o texto de apresentação feito por Ken Hensley revele certa insegurança, me parece um disco bem mais maduro, dosando melhor as faixas pesadas e as mais suaves, flertando com o nascente progressivo. Este velho coração pagão aqui ainda se emociona com "The Park" ("let me walk a while alone among the sacred rocks and stones...") e "Lady In Black".
Mas o ponto alto é a faixa-título, primeira experiência da banda com uma suíte (aquelas músicas longas e intrincadas da época). São 16 minutos de mudanças de ritmo e solos, ilustrados pelo excelente vocal de Byron e por uma coleção de metais tocados pelo convidado John Fiddy.
Ah, Keith Baker entrou na bateria, sem cheirar nem feder.
1. Bird Of Prey
2. The Park
3. Time To Live
4. Lady In Black
5. High Priestess
6. Salisbury
Faixas bônusTotal Time: 37:59
7. Simon The Bullet Freak (lado B de compacto)
2. High Priestess (versão editada)
DownloadLook At Yourself (1971)Ainda que eu ache menos criativo que o anterior, este disco é mais coeso, mais maduro. Além disso, para quem aprecia rótulos, define o Uriah Heep como uma banda de hard rock que flerta com progressivo, não o contrário. Faixas pesadas dominam, com destaque para "Love Machine", "Tears In My Eyes" e a faixa título, que conta com um apoio dos percussionistas do grupo afro-roqueiro Osibisa. No lado prog, o destaque vai para "July Morning", com canja de Manfred Man, decano do
art rock inglês, tocando moog.
Ah, para variar, mudaram o baterista. Ian Clarke gravou o disco, mas dançou antes de ele ser prensado, daí a contracapa já trazer o ótimo Lee Kerslake.
1. Look At Yourself
(baixar essa faixa aqui)2. I Wanna Be Free
3. July Morning
4. Tears In My Eyes
5. Shadows Of Grief
6. What Should Be Done
7. Love Machine
Faixas bônus8. Look At Yourself (versão editada)
9. What's Within My Heart
DownloadDemons & Wizards (1972)Com este disco e o seguinte, o Uriah Heep atingiu o auge de sua criatividade e do bom uso da mistura de peso e leveza. A estabilização da formação, com Kerslake firme na bateria e Gary Thain assumindo o baixo, deu a química que faltava para a banda atingir todo seu potencial. Foi também aqui que a temática de fantasia se consolidou como assunto principal das canções.
Quer pauleira? "Easy Livin'" dá uma aula, e "Rainbow Demon" não fica atrás. Quer algo mais lisérgico? "The Wizard", "Circle Of Hands" e, claro, a dobradinha final. Eu tenho verdadeiro tesão (não tem outra palavra) pela introdução de "Paradise" e pelo solo de "The Spell". São progressivos na melhor definição do termo.
Ah, a capa é assinada por Roger Dean, mestre dos "visuais chocantes" dos anos 70.
1. The Wizard
2. Traveller In Time
3. Easy Livin'
4. Poet's Justice
5. Circle Of Hands
6. Rainbow Demon
7. All My Life
8. Paradise
9. The Spell
Faixas bônus10. Why (versão editada, lado b de compacto)
11. Why (versão original, inédita)
12. Home Again To You
DownloadMagician's Birthday (1972)Pela primeira vez o Uriah Heep gravou dois discos seguidos com a mesma formação. E o resultado é fenomenal. Em termos de temática e sonoridade, é uma óbvia continuação de
Demons & Wizards, só que melhor. As músicas são mais criativas, os arranjos mais inventivos. Nenhuma faixa se parece com a anterior ou com a seguinte. "Rain" é "a" balada. "Blind Eye", uma espécie de "power acústico" - ganhou uma versão desconcertante em 2001, com Ian Anderson, do Jethro Tull, tocando flauta. "Sweet Lorraine", o rockão. E a faixa título, o último grande flerte do Uriah Heep com o progressivo.
Em resumo, um clássico!
1. Sunrise
2. Spider Woman
3. Blind Eye
4. Echoes In The Dark
5. Rain
6. Sweet Lorraine
7. Tales
8. The Magician's Birthday
Faixas bônus9. Silver White Man
10. Crystal Ball
DownloadLive (1973)Um disco pode ser muito bom e ruim ao mesmo tempo? Se pode, este é o caso. Ouvido fora do contexto, é um dos melhores discos ao vivo de rock pesado que eu já ouvi. A banda, então no auge, quicava nos cascos, com Box e Hensley solando enlouquecidamente sobre a base sólida de Thain e Kerslake. E, claro, o saudoso David Byron mostrando que merecia ser melhor lembrado na relação de grandes vocalistas do rock. E ainda há um
meddley matador com rocks dos anos 50.
Mas então o que o disco tem de ruim? Simples. Ele é só um disco de rock pesado. Perde toda a sutileza e os nuances do som do Uriah Heep. Do lado prog deles, só "July Morning" dá as caras, mesmo assim bastante anabolizada. "Magician's Birthday" foi reduzida a uma vinheta.
É um baita disco, mas não reflete o potencial da banda.
1. Sunrise
2. Sweet Lorraine
3. Traveller In Time
4. Easy Livin'
5. July Morning
6. Tears In My Eyes
7. Gypsy
8. Circle Of Hands
9. Look At Yourself
10. The Magician's Birthday
11. Love Machine
12. Rock 'N' Roll Medley
DownloadSweet Freedom (1973)Terceiro disco da chamada formação clássica, este aqui deu ao Uriah Heep seu maior sucesso comercial, por conta da faixa "Stealin'", sem dúvida um clássico. Mas, para mim, é o primeiro passo ladeira abaixo. A despeito da música supracitada, da faixa título e de "Pilgrim", e um disco frouxo, sem o peso e a sutileza dos trabalhos anteriores.
Essa formação gravaria ainda o fraco
Wonderworld. Logo depois, Gary Thain foi demitido e morreu em seguida. Dali em diante, nenhum disco seria capaz de recapturar a magia da fase áurea - o que não impediu o show do Canecão de ser ótimo, claro.
1. Dreamer (3:41)
2. Stealin' (4:49)
3. One Day (2:47)
4. Sweet Freedom (6:37)
5. If I Had The Time (5:43)
6. Seven Stars (3:52)
7. Circus (2:44)
8. Pilgrim (7:10)
Faixas bonus9. Sunshine (lado b de compacto)
10. Stealin' (versão editada)
11. Seven Stars (versão longa)
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