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Meus caros, mais um saindo do forno. Novo disco do quinteto alemão Primal Fear.
1. Before the Devil Knows You're Dead 2. Riding the Eagle 3. Six Times Dead (16.6) 4. Black Rain 5. Under the Radar 6. 5.0 / Torn 7. Soar 8. Killbound 9. No Smoke Without Fire 10. Night After Night 11. Smith & Wesson 12. The Exorcist 13. Hands of Time
Esse post aqui vai para um amigo que se lamentava na Internet por ter emprestado este LP para alguém que não devolveu, e agora não consegue achar o CD. Meu velho pai dizia que roseira de otário dá abacate – disco, livro e cônjuge não se empresta. Mas, para aliviar a tristeza do Gilberto, aqui está o segundo disco da formação clássica do Renaissance. Annie Haslam definitivamente não é humana.
1. Can You Understand? 2. Let It Grow 3. On the Frontier 4. Carpet of the Sun 5. At the Harbour 6. Ashes Are Burning
Galera, esta aqui é a versão (quase) integral das gravações que resultaram no filme homônimo do Led Zeppelin. Saiu junto com a versão remasterizada do longa, em 2007.
Tenho que confessar sentimentos dúbios em relação a essa performance. Eu adoro músicas longas e muito solo. Para quem, como eu, gosta de bateria, John Bonham dava uma tese. Por outro lado, tinha horas em que eu acabava me entediando, pois parecia que os músicos estavam um tantinho perdidos no meio dos improvisos. E Robert Plant, sublime em estúdio, não parecia o mesmo ao vivo.
Anos depois, lendo reportagens sobre o filme (e o disco), constatei que os integrantes do grupo e eu estávamos de acordo. Jimmy Page diz que a banda estava cansada após uma longa turnê, com o resultado ficando muito abaixo da média de suas apresentações. Já Plant usa palavras ainda menos gentis... O lançamento, em 2003, do CD triplo How The West Was Won e do DVD duplo Led Zeppelin mostrou o que era, de fato, um show deles.
Agora, mesmo sem a banda estar num momento mais inspirado, The Song Remains The Same ainda é um item obrigatório em qualquer coleção de rock pesado, especialmente depois da edição de 2007. No lançamento original, o álbum duplo privilegiou as grandes suítes, em detrimento das canções mais curtas. Acabaram sendo somente nove músicas em quatro lados, sendo que somente as quatro do primeiro lado tinham menos de dez minutos cada. Além disso, dois dos melhores momentos do filme, “Since I’ve Been Loving You” e “Black Dog” foram limadas do disco. Por outro lado, “Celebration Day” entrou no disco mesmo sem ter ido às telas.
A nova versão supriu essa deficiência, e ainda trouxe as que tinham ficado de fora da edição original do filme: “Over The Hills And Far Away”, “Misty Mountain Hop” e “The Ocean”. A única gravação dos três shows no Madison Square Garden e continuar de fora tanto do filme quando do CD é “Thank You”.
Está ripado em exibidos 320kbps, mas, como o Rapidshare está permitindo arquivos maiores, não precisei quebrar.
Disco 1
1. Rock and Roll 2. Celebration Day 3. Black Dog 4. Over the Hills and Far Away 5. Misty Mountain Hop 6. Since I've Been Loving You 7. No Quarter 8. The Song Remains the Same 9. Rain Song 10. The Ocean
Galera, já está circulando por aí e a Caverna traz também o novo disco do quarteto escandinavo Tyr, rara banda de metal pagão com vocais de verdade, em vez daqueles grunidos de porco. Se quiserem, tenho os demais discos deles pra botar aqui.
Ah, está tudo em 320kbps.
1. Hold the Heathen Hammer High 2. Tróndur í Gøtu 3. Into the Storm 4. Northern Gate 5. Turið Torkilsdóttir 6. By the Sword in My Hand 7. Ride 8. Hear the Heathen Call 9. By the Light of the Northern Star
Galera, esse aqui, só baixando, mesmo. Para comemorar a caixa The Dio Years e os primeiros shows do projeto Heaven & Hell, a gravadora Rhino lançou este CD numa tiragem limitada a cinco mil cópias numeradas. O disco foi lançado em 1º de maio de 2007 e esgotou no mesmo dia.
Como dá pra notar, o repertório é muito parecido com o de Live Evil, e não é para menos, pois trata-se da mesma turnê. Este disco reúne gravações de três shows nos dias 31 de dezembro de 1981 e 1º e 2 de janeiro de 1982 no lendário Hammersmith de Londres. Qualidade de som excelente – e com platéia! Ah, uma curiosidade é que o repertório traz os únicos registros ao vivo de “Country Girl” e “Slipping Away”.
1. E5150 2. Neon Knights 3. N.I.B. 4. Children of the Sea 5. Country Girl 6. Black Sabbath 7. War Pigs 8. Slipping Away 9. Iron Man 10. The Mob Rules 11. Heaven and Hell 12. Paranoid 13. Voodoo 14. Children of the Grave
Mais que um palíndromo, o primeiro disco ao vivo oficial do Black Sabbath foi motivo para muita polêmica. Quando eu e minha turma ouvimos, nos idos de 1983/84, veio uma dúvida: se o disco é ao vivo, onde diabos (literalmente) está a platéia? Pois é, Live Evil é um disco ao vivo sem público, ou melhor, com o público praticamente inaudível.
A entrada de Ronnie James Dio no Black Sabbath, em 1979, tem duas versões. Segundo o próprio Dio, que acabara de ser demitido do Rainbow, a notícia da saída de Ozzy Osbourne do Sabbath chegou a ele como sendo o fim da banda. Dio então entrou em contato com Tony Iommi para montarem um grupo juntos. O guitarrista teria chamado Geezer Butler e Bill Ward, e, quando deu por si, Dio era o novo vocalista do Black Sabbath. Ele era contra a idéia e achava que deveriam começar algo novo, só com material próprio – o que acabou acontecendo com o projeto Heaven And Hell. A outra versão é mais plausível. Conta que Sharon Arden, filha do empresário do grupo e futura senhora Osbourne, sugeriu o nome de Dio, que foi chamado e ficou muito feliz.
A questão é que, com ele nos vocais, o Black Sabbath lançou dois álbuns brilhantes: Heaven And Hell (1980) e Mob Rules (1981), já com Vinny Appice na bateria. Dio impusera sua marca na banda, mas isso estava criando atritos cada vez maiores. Embora quase todas as canções do Black Sabbath fossem creditadas aos quatro membros, Iommi e Butler eram as forças criativas, com este acumulando (com brilho) a função de letrista. Ozzy, em geral, seguia as instruções que recebia.
Com Dio buraco era mais embaixo. Ele tinha duas décadas de estrada (começou profissionalmente no fim dos anos 50, quando ainda era adolescente), tocava baixo e teclados, escrevia as próprias letras – embora as de Butler fossem melhores – e já era reconhecido como um dos melhores vocalistas do rock pesado. Não ia engolir ser “dirigido” por Butler. O sucesso dos dois discos de estúdio acalmava um pouco as coisas, mas não por muito tempo.
Em 1980, a gravadora NEMS lançou o LP ao vivo Live At Last, com gravações da banda em 1973. Embora o grupo não tivesse participado do (ou aprovado o) lançamento, não havia nada a ser feito, pois as fitas pertenciam ao ex-empresário do Sabbath. O sucesso do disco na Europa e a importação para os EUA e o Reino Unido mostraram que havia muita demanda por um disco ao vivo do grupo. Cabia a Iommi e companhia lançá-lo e faturar. Diversos shows na turnê de Mob Rules foram gravados entre abril e maio; faltava só produzir.
Só que aí a vaca foi para o brejo. Dio, Iommi e Butler tinham dividido, ainda que nem sempre de forma amistosa, o direcionamento musical da banda, ficando a produção dos discos a cargo do grande Martin Birch. Para cuidar das gravações ao vivo, porém, o guitarrista e o baixista deram um chega-pra-lá no cantor e assumiram sozinhos a produção. Dio deixou a banda e levou Vinny Appice a tira-colo. Na época, circularam boatos de que ele teria entrado no estúdio à noite e mexido na mixagem para destacar sua voz e a bateria. Tempos depois os demais membros negaram a fofoca, atribuída a um engenheiro, mas o lançamento mostrou algumas retaliações: Iommi e Butler são as figuras dominantes nas fotos, em detrimento de Dio; o vocalista é creditado como “Ronnie Dio”, sem o “James” de seu nome artístico; Vinny Appice, embora tenha sido creditado como membro efetivo no disco anterior, virou “músico convidado”, junto com o tecladista Geoff Nicholls, que tocava dos bastidores, aparecendo somente em uma pequena foto no canto.
Se é verdade que Dio buliu com a mixagem, jamais saberemos ao certo. O fato é que algo aconteceu de anormal. Embora voz e instrumentos estejam bem claros, a platéia acabou banida. Como dizia minha querida avozinha, “o diabo tanto mexeu no cu do filho que arrombou”. No processo, também, o disco, cujos shows foram gravados em maio de 82, demorou muito a sair, chegando às lojas somente em janeiro de 83. Pau da vida tanto com Live At Last quanto com a notícia de o Sabbath preparava um ao vivo sem ele, Ozzy gravou em setembro e lançou em novembro Speak Of The Devil (disponível aqui na Caverna), só com canções de sua antiga banda e, coincidência ou não, uma platéia ensurdecedora. O resultado é que Live Evil, além de perder as vendas de fim de ano, foi ofuscado pelo disco de Ozzy, que vendeu muito mais. No Brasil isso não aconteceu, pois Speak Of The Devil só foi lançado no fim de 1984, em vistas ao show de Ozzy no primeiro Rock In Rio.
Bem, aqui está a versão completa de Live Evil. No primeiro lançamento em CD, a gravadora cometeu a heresia de cortar “War Pigs” para caber tudo num disco só. A edição remasterizada trazia todas as músicas, mas cortaram toda a conversa com a platéia – o que tornava menos “ao vivo” ainda. Já esta aqui foi do lançamento em CD duplo, tendo até mais bate-papo que o original.
1. E5150 2. Neon Knights 3. N.I.B. 4. Children of the Sea 5. Voodoo 6. Black Sabbath 7. War Pigs 8. Iron Man 9. The Mob Rules 10. Heaven and Hell 11. Sign of the Southern Cross/Heaven and Hell (Continued) 12. Paranoid 13. Children of the Grave 14. Fluff 15. Ending
Este post nasceu de uma frase de Paul Stanley que eu usei no anterior: “as pessoas ouvem com os olhos”. Algumas bandas ganhavam pela cara um rótulo sem que alguém tivesse a mínima preocupação em ouvir sua música.
O Lizzy Borden é um ótimo exemplo. Foi fundado pelo vocalista homônimo em 1983 em Los Angeles e dito líder usava uma maquiagem berrante. Pronto, bastou para que o grupo seja até hoje classificado como “glam”. Não interessa se a maquiagem ali derivasse da tradição de choque de Alice Cooper e Kiss e não da androgenia da maior parte da cena glam de LA (o delicioso apelido “hair metal” só viria depois) e que o som fosse bem mais pesado que o de seus conterrâneos.
O mesmo aconteceu com o W.A.S.P. (no primeiro disco, pois The Last Command é glam mesmo) e com o Twisted Sister (idem para Come Out And Play e o seguinte). Aliás, Dee Snider tem uma frase ótima: “Nunca entendi nos chamarem de ‘glam’. ‘Glam’ vem de glamour, e nós somos tudo, menos glamurosos. Deviam nos chamar de ‘hed’, de hediondos”.
Voltando ao Lizzy Borden, o som deles está mais para metal tradicional americano do que para hard rock glam. Vale a pena baixar.
1. Me Against The World 2. Shock 3. Outcast 4. Den of Thieves 5. Visual Lies 6. Eyes of A Stranger 7. Lord of the Flies 8. Voyeur (I'm Watchin' You) 9. Visions
Em 2006, Digníssima esteve nos EUA e me trouxe uma edição de capa dura de Behind The Mask, a biografia autorizada do Kiss, já lançada no Brasil. Sim, eu sou fã de carteirinha da banda há décadas.
Como toda biografia autorizada, é aquela platitude adulatória. Mas a segunda parte do livro é realmente interessante. Os músicos (além de produtores e demais profissionais envolvidos) comentam praticamente cada faixa dos discos da banda. Entre curiosidades, trivialidades e Gene Simmons detonando impiedosamente ex-colegas, chamou-me a atenção como a banda renega de forma explícita dois discos: Music From The Elder e Carnival Of Souls. Chamou-me a atenção principalmente porque eu gosto muito de ambos.
Nos dois casos, o motivo alegado para renegarem os discos é: não são Kiss, não se enquadram no estilo da banda. O primeiro foi uma tentativa de fazer um álbum “conceitual”, no estilo dos grupos progressivos dos anos 70; o segundo, uma tentativa de pegar carona na onda “grunge” que já fazia água na metade dos anos 90. Mas isso é cascata. Os motivos reais foram que o primeiro foi um fracasso de vendas e o segundo não se enquadrava no projeto de marketing da banda.
Se esse papo de “não ser Kiss” fosse sério, eles teriam que renegar os dois compactos de maior sucesso comercial que tiveram. O primeiro, sétimo lugar na parada da Billboard, foi “Beth”, uma balada melosa com arranjo à la Ray Conniff, cantada pelo baterista original, Peter Criss. O segundo, décimo primeiro lugar, foi “I Was Made For Loving You”, composta por Paul Stanley com a explícita intenção de faturar na febre da discoteca no fim dos anos 70. As duas, definitivamente, não são o estilo do Kiss, e, diferentemente dos álbuns renegados, sequer são rock.
A questão é que Simmons e Stanley, a partir do fim dos anos 70, passaram a prestar muita atenção no que estava “na onda” e correr atrás. Por incrível que pareça, o alcoólatra e farrista Ace Frehley era, naquele momento, a pessoa mais lúcida da banda, insistindo que o Kiss deveria investir pesado no hard rock que fez Alive! vender mais de três milhões de cópias. Em vez disso, fizeram a dita incursão na discoteca, no disco Dynasty, totalmente pop.
Eu fico surpreso que macacos velhos como Stanley e Simmons não tenham se dado conta que o sucesso no mercado pop (nos EUA chamado “top 40”) costuma ser o beijo da morte para bandas de rock. Público pop não é fiel ao artista, compra o que está na moda, ouve enquanto está na moda e depois esquece. Ao procurar “ampliar o público”, o que o Kiss conseguiu foi alienar seus fãs tradicionais para atingir uma audiência fugaz. Tanto que o disco seguinte, Unmasked, igualmente pop, afundou feito pedra.
Ace Frehley insistia numa retomada do rock pesado, aproveitando a entrada de Eric Carr, baterista de pegada mais heavy. Foi voto vencido, e o resultado foi The Elder, que vou comentar um pouco mais adiante.
O fracasso de The Elder deixou o Kiss meio que num beco sem saída, ou melhor, com uma saída só: peso. E peso num vôo cego. Como eu disse, desde 1978 o Kiss procurava seguir o que a moda ditava, só que a moda não lhes ditava nada naquele momento. Os fracassos dos dois discos anteriores haviam mostrado que eles não era uma banda pop nem uma banda progressiva. Eram uma banda de rock pesado. Finalmente a ficha da sabedoria de Ace caiu – mas, paradoxalmente, Ace estava deixando a banda.
Mas qual o modelo a seguir? Aí é que tá. Em 1981 não havia modelo seguro, especialmente nos EUA. As grandes bandas dos anos 70 tinham acabado ou estavam num hiato, as bandas que dominariam a década (Iron Maiden, Metallica, Mötley Crüe etc.) ainda estavam muito no início. Sem ter muito como olhar para o lado, o Kiss precisou contar somente com o próprio feeling. O resultado foi Creatures Of The Night, seu mais pesado e, na minha opinião, melhor disco. Pena que era o disco certo na hora errada. O público estava cansado do Kiss.
Paul Stanley diz que o fato de Lick It Up, o disco seguinte, ter estourado é a prova de que as pessoas “ouvem com os olhos”. Embora muito bom, não faz frente a Creatures, trazia a banda sem maquiagem e vendeu feito pão quente. O engraçado é que o sucesso desse disco (e a boa qualidade do anterior) não parece ter dado ao Kiss confiança no próprio taco, pois logo logo eles voltaram a imitar o que os outros estavam fazendo. Primeiro, a onda de guitarristas debulhadores, com Mark St. John tocando duzentas notas por segundo em Animalize; depois, para minha tristeza, um mergulho no hair metal mais boiola, nos três únicos discos deles que eu nuca comprei em CD: Asylum, Crazy Nights e Smashes, Thrashes & Hits.
A banda só voltou aos eixos com Revenge, de 1982, mais um disco fundamentalmente pesado. O álbum de estúdio seguinte foi o mal-falado Canival Of Souls. Bem, aqui estão os dois banidões.
Music From The Elder (1981)
A “culpa” por The Elder lembra um pouco a propaganda do biscoito Tostines – vende mais porque está sempre fresquinho ou está sempre fresquinho porque vende mais? Gene Simmons e Paul Stanley dizem que o disco conceitual era uma “visão” do produtor Bob Ezrin, que os conduzira na gravação de Destroyer seis anos antes. Só que a história do disco era baseada num conto que Gene Simmons escrevera e queria transformar num filme. Além disso, Ezrin acabara de produzir o genial The Wall, do Pink Floyd. Se a idéia não era produzir um disco conceitual porque trazer aquele produtor e já levar para ele o conceito pronto? É mais fácil botar a culpa na “visão” de Ezrin.
Mas o disco está longe de ser ruim. A única música que me parece um grande equívoco é “Odyssey”, mais por conta do arranjo pretensioso – é a única canção, aliás, que não foi composta pela banda. Ezrin a trouxe – e essa culpa é dele mesmo. Mas, fora isso, “The Oath” e “I” são excelentes rocks pesados, “Mr. Blackwell” tem tudo a ver com a persona de Gene Simmons, “Dark Light” é uma excelente música de Ace (valorizada pela letra de Lou Reed) e a balada “A World Without Heroes” é muito menos brega que “Beth” ou que as cometidas por Paul Stanley na fase hair metal. E, para coroar, tem um raro instrumental particularmente inspirado: “Scape From The Island”, gravado por Ace, Eric Carr e Bob Ezrin no baixo. Qualquer uma dessas músicas ficaria bem nos dois discos seguintes do Kiss.
Descontando “Odyssey” e a vinheta “Fanfare”, sobram três músicas que, realmente, não tem nada a ver com a banda. Só que elas são boas. “Christine Sixteen” e “Hard Luck Woman” (que Paul Stanley compôs para oferecer a Rod Stewart) também não tem nada a ver com a banda, e nem por isso são enxovalhadas.
Repetindo, o único pecado sério de The Elder foi ter vendido pouco.
1. Fanfare 2. Just A Boy 3. Odyssey 4. Only You 5. Under the Rose 6. Dark Light 7. A World Without Heroes 8. The Oath 9. Mr. Blackwell 10. Escape from the Island 11. I
Ao contrário de The Elder, o problema de Carnival Of Souls foi decorrente de uma mudança de planos de Stanley e Simmons. Revenge fora um tremendo sucesso, puxado por um compacto pesado, “Unholy”, direcionado explicitamente às rádios de heavy metal. Mais um disco ao vivo depois e era hora de voltar ao estúdio. Na década de 80, enquanto Simmons investia na carreira de (fraco) ator, Stanley comandara a guinada hair metal da banda. Agora, totalmente comprometido com o grupo outra vez, era hora de o linguarudo ditar o caminho.
Só que no meio do caminho havia um acústico. Em agosto de 1995, o Kiss gravou o ótimo MTV Unplugged, com a participação de Ace Frehley e Peter Criss. O show deu início a intermináveis especulações sobre uma volta da formação original. As negociações estavam realmente em andamento, mas oficialmente, o Kiss ainda era Simmons, Stanley, Bruce Kulick e Eric Singer, e era hora de voltar ao estúdio – se a reunião não acontecesse, eles precisavam de um disco para soltar.
Simmons queria “modernizar” o som do Kiss e via como caminho natural aderir à facção heavy metal do balaio de gatos que imprensa apelidou de grunge, no caso, Alice In Chains e Soundgarden. Bruce Kulick, guitarrista oficial da banda desde 1984, concordava e via nisso uma chance de mostrar mais seu trabalho. O produtor escolhido foi Toby Wright, exatamente por sua experiência com Alice In Chains e Slayer.
O disco é, provavelmente, o mais pesado da banda desde Creatures, embora falte aqui e ali aquele humor negro sacana típico das composições de Simmons. Por outro lado, há anos eles não ousavam tanto em arranjos, com destaque para minha favorita no disco, “Childhood’s End”, cujo nome Simmons tirou de um conto de Arthur C. Clarke. Francamente, quem ouve “Unholy”, “Spit” e “Thou Shalt Not”, as faixas mais pesadas de Simmons em Revenge, não se surpreende tanto com Carnival. Da mesma forma, três das melhores músicas de Psycho Circus - “Whitin”, “Dreaming” e “Journey Of A Thousand Years” – são totalmente coerentes com o clima do disco renegado.
Só que a reunião aconteceu. Em 28 de fevereiro de 1996, semanas depois de terminadas as gravações de Carnival, Simmons, Stanley, Frehley e Criss apareceram maquiados na entrega do Grammy. A volta do Kiss original era um fato, e todas as atenções estavam voltadas para a nova turnê, exclusivamente com repertório dos anos 70.
Do ponto de vista mercadológico, lançar um disco com outra formação e outro direcionamento musical era realmente um mau negócio, desviando a atenção e até confundindo o público. Assim, Carnival of Souls foi engavetado. Simmons e (principalmente) Stanley justificaram o engavetamento com a surrada história de “não ser no estilo do Kiss”. Só que as gravações vazaram e começaram a ser transformadas em cassetes e CDs pelos próprios fãs. Logo logo o “disco perdido do Kiss” estava sendo vendido no eBay.
Ora, Gene Simmons nunca foi de deixar os outros ganharem dinheiro com seu trabalho – pelo menos não sem que ele ganhasse também. Se alguém queria comprar, ele deveria vender. Assim, em outubro de 1997, Carnival Of Souls chegou às lojas sem qualquer badalação. O grunge estava praticamente esquecido, substituído pela tosqueria do nu metal.
Se tivesse saído no início de 1996, como previsto, e sem a malhação prévia de seus criadores, acredito que o disco tivesse sido mais bem recebido. Porém, se a minha avó tivesse rodas, ela seria uma carroça. Em Behind The Mask, Paul Stanley diz ter sido contra a gravação do disco, afirmando que o mundo não precisava de um “sub-Soundgarden”. Tá, mas o mundo precisava de um sub-Poison como em Crazy Nights?
1. Hate 2. Rain 3. Master & Slave 4. Childhood's End 5. I Will Be There 6. Jungle 7. In My Head 8. It Never Goes Away 9. Seduction of the Innocent 10. I Confess 11. In the Mirror 12. I Walk Alone
Morreu ontem à noite em São Paulo Zé Rodrix. Quem tem menos de 35 dificilmente sabe de quem se trata – salvo quem milita nos meios publicitário, ocultista e trekker –, o que é uma tremenda injustiça. Carioca, nascido em 1947, Zé Rodrix, aliás, José Rodrigues Trindade, formou-se pela Escola Nacional de Música e estudou teatro no Tablado. Cantava bem e sabia tudo de teclados.
Estreou profissionalmente em 1966 (PQP, ano em que eu nasci), no grupo Momento Quatro, cujo único LP foi lançado em 1968. Depois de um tempo em Porto Alegre, fundou, em 1970, o Som Imaginário, grupo proto-progressivo ao lado de Wagner Tiso e Tavito, entre outros. O grupo fez nome acompanhando Milton Nascimento. Após gravar o primeiro disco do Som Imaginário, pediu as contas.
O ano de 1971 foi fundamental para Zé Rodrix. Venceu o Festival de Juiz de Fora com aquela que seria sua obra-prima, “Casa no Campo”, cuja interpretação de Elis Regina é um momento mágico da MPB. Na bela letra, uma frase chamava a atenção: “Eu quero uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais”. Esse neologismo seria a chave de seu trabalho seguinte: o trio Sá, Rodrix & Guarabyra, formado com Luís Carlos Sá e Gutemberg Guarabyra. Em dois LPs, o trio montou uma perfeita simbiose de elementos roqueiros com sonoridades brasileiras e letras com bom humor, romantismo, uma visão mais hippie de mundo e uma certa crítica política.
Rodrix deixou o trio (que seguiu como a dupla Sá & Guarabyra) em 1973, engrenando uma carreira solo de relativo sucesso. Na década de 80 participou de uma fugaz versão do grupo Joelho de Porco, mas jamais conseguiu o mesmo brilho do início dos anos 70.
Paradoxalmente, o autor de músicas impregnadas de filosofia hippie era um fértil produtor de jingles publicitários. Talvez o mais famoso fosse o da Pepsi no início dos anos 70, cujo refrão “só tem amor quem tem amor pra dar” marcou uma geração. Cada vez mais imerso nessa atividade e nos afazeres de produtor musical de teatro e cinema, acabou deixando de lado sua carreira de cantor. Seu último registro de inéditas foi em 1988, com o Joelho de Porco, enquanto sua última gravação foi um ao vivo com Sá e Guarabyra, lançado em 2001.
Além das qualidades musicais, Rodrix era maçom, ligado à Grande Loja da São Paulo, e “oficial” de alta patente da Frota Estelar, atuante fã-clube paulistano de Jornada nas Estrelas.
Como homenagem, a Caverna traz os dois discos seminais que ele gravou com Sá e Guarabyra. Consegui socar os dois num só arquivo.
Passado, Presente e Futuro (1972)
1. Zepelin 2. Ama Teu Vizinho Como A Ti Mesmo 3. Juriti Butterfly 4. Me Faça Um Favor 5. Boa Noite 6. Hoje Ainda É Dia de Rock 7. Primeira Canção da Estrada 8. Cumpadre Meu 9. Crianças Perdidas 10. Azular 11. Ouvi Contar 12. Cigarro de Palha
Terra (1973)
1.Os anos 60 2. Desenhos no Jornal 3. Mestre Jonas 4. Blue Riviera 5. Adiante 6. Pindurado no Vapor 7. O Pó da Estrada 8. O Brilho das Pedras 9. Até Mais Ver
Galera, vamos falar sério. Quem prensa só mil cópias de um disco pode reclamar de downloads? Não, né? Portanto, aqui está o novo CD ao vivo da banda austríaca Edenbridge. Só é vendido pela Internet e limitado às referidas mil cópias.
1. The Force Within (Intro) 2. Shadowplay 3. Remember Me 4. Undying Devotion 5. Wild Chase 6. Shine 7. Evermore 8. For Your Eyes Only 9. Terra Nova 10. Move Along Home 11. Centennial Legend 12. Paramount 13. Fallen From Grace 14. MyEarthDream
Galera, embora não tenha havido um único mísero comentário, as estatísticas do Rapidshare dão conta que o Riverside foi bem aceito. Assim, resolvi botar aqui um troço mais difícil de achar. Reality Dream é um álbum duplo que teve somente mil cópias – isso mesmo, só mil. Mostra que a banda polonesa manda muito bem no palco.
Disco 1
1. The Same River 2. Out of Myself 3. Volte-Face 4. Rainbow Box 5. 02 Panic Room 6. I Turned You Down 7. Reality Dream III 8. The Curtain Falls
Agora, um disco seminal do rock brasileiro. Em 1972, a guinada dos Mutantes em direção ao rock progressivo acabou por alienar Rita Lee, que deixou a banda “a pedido” de Sérgio Dias. Com a amiga Lúcia Turnbull, ela montou um duo de curta duração, logo transformado na banda Tutti Fruti. Lúcia saiu quando o grupo gravava seu primeiro disco, fazendo com que a gravadora Somlivre lançasse o LP como Rita Lee & Tutti Fruti.
Fruto Proibido é o segundo álbum lançado por eles. Comparado com o som elaborado dos mutantes, é um disco até básico. Com músicas mais simples e diretas. Isso, claro, numa época em que simples e direto não era inda sinônimo de tosco e deliberadamente mal tocado. “Agora Só Falta Você” e “Esse Tal de Roque Enrow” (letra excelente de Paulo Coelho) animaram muita festinha da minha infância, mas o grande momento do disco é a balada “Ovelha Negra”, autêntico manifesto da geração dos inícios dos anos 70.
No ano seguinte, Rita conheceu Roberto de Carvalho e deu início a uma parceria conjugal/artística em que o sucesso comercial foi inversamente proporcional à qualidade do trabalho, como quase sempre acontece. Costumo dizer que amo Rita Baptista, adoro Rita Lee e detesto Rita de Carvalho.
1. Dançar Pra Não Dançar 2. Agora Só Falta Você 3. Cartão Postal 4. Fruto Proibido 5. Esse Tal de Roque Enrow 6. O Toque 7. Pirataria 8. Luz Del Fuego 9. Ovelha Negra
Galera, mês que vem sai na Europa o novo disco do quarteto polonês Riverside. A Caverna traz antes – baixem antes que derrubem.
Pessoalmente eu não gosto do rótulo progressive metal. Teclados, mudanças de ritmos e elaboração instrumental eram elementos muito comuns do rock pesado (especialmente europeu) desde os anos 70. Mas o povo hoje parece amar um rótulo.
Bem, o disco é até mais pesado (e curto) que os outros trabalhos deles.
1. Hyperactive 2. Driven to Destruction 3. Egoist Hedonist 4. Left Out 5. Hybrid Times
Galera, hoje é dia de explorar o passado de Ronnie James Dio, antes de ele virar um paradigma do vocal de heavy metal. Essas são gravações ao vivo do Elf em 1972, antes mesmo de lançarem seu disco de estréia. O material mistura rock tradicional, boogie e hard rock, com muitas, mas muitas covers. Tem Jethro Tull, Led Zeppelin, Rod Stewart, The Who e Yardbirds, entre outros. A cover mais célebre, que acabou virando um dos nomes do disco, é de “War Pigs”, do Black Sabbath – a celebridade, no caso, deve-se ao fato de que, oito anos depois, Dio viria a ser vocalista do Sabbath.
Disco 1
1. Wakeup Sunshine 2. Smile for me Lady 3. Rosemarie 4. You Felt The Same Way 5. Driftin' 6. Saturday Nigth 7. Cross-Eyed Mary 8. Stay With Me 9. Litle Queenie medley 10. An Old Raincoat Won't Ever Let You Down 11. Cold Ramona 12. Black Dog 13. Lura Lura 14. Four Day Creep
1. Give Me A Chance 2. Rumble 3. Aqualung 4. Drown Me In The River 5. Simple Man 6. Won't Get Fooled Again/Baba O'Riley medley 7. Pisces Apple Lady 8. Dirty Dollar Bill 9. Buckingham Blues 10. So Long 11. You Shook Me/Rocks Boogie 12. War Pigs
1. Perpetual 2. Dragonfly 3. Teaser 4. How Many Miles to Babylon 5. Cry No More 6. No Mercy 7. C'est la Vie 8. Leviathan 9. Fire and Ice 10. Forever Is a Long Time 11. I'm My Own Enemy 12. All I Want Is Everything 13. Golden Dawn 14. Final Curtain
Galera, cavucando minha coleção atrás de coisas pra botar no blog, dei de cara com esses três ótimos discos do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen, que eu não ouvia há muito tempo. Ouvi-los de novo foi um prazer. Assim, resolvi compartilhar. Espero que gostem – e comentem, porra.
Rising Force (1984)
Em 1985, quando este disco chegou no meu trabalho, deu logo uma polêmica. Eu e um amigo cravamos logo como um dos melhores discos de metal do ano. Já outro, meu querido Carlos Akkerman, disse que era mais progressivo que heavy metal. Para sustentar, apresentou três argumentos. Primeiro, era um disco fundamentalmente instrumental. Segundo, o único músico de renome tocando era Barryemore Barlow, baterista do Jethro Tull. Por fim, a faixa 5, além de ser uma suíte, incluía um trecho do Adagio de Albinoni.
Olhando em retrospecto, estávamos todos certos. Embora deteste a definição “prog metal”, arrisco dizer que este seria o marco zero do gênero. Extremamente elaborado, pesado e com uma noção de melodia derivada da música erudita que faltava à geração de “shreders” norte-americanos que veio em seguida.
Claro que o meu queixo caiu com a técnica de Malmsteen, mas, surpreendentemente, o que mais me chamou a atenção foi o talento do vocalista Jeff Scott Soto. Embora ele só participasse de duas músicas (faixas 3 e 6), mostrava um timbre próprio e muita personalidade – especialmente se lembrarmos que tinha apenas 19 anos quando gravou o disco. Além de Soto e Barlow, completava a formação o tecladista Jens Johansson, com Malmsteen acumulando o baixo.
1. Black Star 2. Far Beyond the Sun 3. Now Your Ships Are Burned 4. Evil Eye 5. Icarus' Dream Suite Op. 4 6. As Above, So Below 7. Little Savage 8. Farewell
No vídeo, “As Above, So Below”, infelizmente sem a ótima introdução de teclado.
Marching Out (1985)
O mercado brasileiro acabou sendo sacaneado no caso deste disco aqui. Rising Force saiu nos EUA em 1984, mas só foi lançado aqui no ano seguinte – mesmo momento em que saía lá fora Marching Out, segundo trabalho de Malmsteen. Conforme me explicou na época uma divulgadora da Polygram, heavy metal não vendia o suficiente para justificar lançamentos colados de títulos de um mesmo artista. Isso até acontecia em ocasiões especiais, como a vinda de Ozzy para o Rock In Rio, ou fenômenos, como o sucesso de The Number Of The Beast. Nenhum desses era o caso de Yngwie. Como no ano seguinte saiu Trilogy, Marching Out jamais foi lançado por aqui.
Uma pena. É um disco sensacional, embora menos experimental que o anterior. Marcel Jacob assumiu o baixo (e não cheirou nem fedeu), enquanto Andres Johansson, irmão do tecladista, substitui Barryemore Barlow na bateria.
Basicamente é um disco de heavy metal tradicional com uma pegada européia. A proporção se inverteu, com apenas três instrumentais entre as 11 faixas, o que abriu mais espaço para Jeff Scott Soto mostrar seu talento, mas sem esquecer que o dono da festa era mesmo o guitarrista.
Ah, caso alguém esteja estranhando a foto acima. Aquela é a capa original do vinil (uma aeromoça amiga da minha irmã me trouxe dos EUA), uma cópia descarada da foto de Ritchie Blackmore na parte interna de Made In Japan. O fascínio de Malmsteen por Blackmore iria ter reflexos (a meu ver daninhos) na carreira dele.
1. Prelude 2. I'll See the Light, Tonight 3. Don't Let It End 4. Disciples of Hell 5. I Am a Viking 6. Overture 1383 7. Anguish and Fear 8. On the Run Again 9. Soldier without Faith 10. Caught in the Middle 11. Marching Out
Durante muito tempo, este foi para mim o último bom disco de Malmsteen, ainda que nem de longe comparável aos dois anteriores. Tem grandes músicas, especialmente “Fury”, “Dark Ages” e os instrumentais “Crying” e “Trilogy Suite Op. 5”, mas já mostrava alguma tendência a aderir ao hair metal que dominava o cenário norte-americano. Vale uma ressalva, o estilo produziu coisas muito legais, especialmente entre os grupos pioneiros, mas, como tudo que vira modismo, se massificou e diluiu.
Confesso que fiquei muito decepcionado com a saída de Jeff Scott Soto, mas gostei das canções novas na voz de Mark Boals. Ainda é um disco bom de ouvir, embora menos arrebatador que os dois anteriores.
O que veio depois me fez perder o interesse pelo trabalho de Yngwie por um longo tempo. Pense nos discos mais fracos do Rainbow e do Deep Purple. Os mais comerciais e menos criativos. O que eles têm em comum? Joe Lynn Turner pilotando os microfones. Pois foi exatamente o que aconteceu com Yngwie Malmsteen. Mas, isso já é outra conversa.
1. You Don't Remember, I'll Never Forget 2. Liar 3. Queen in Love 4. Crying 5. Fury 6. Fire 7. Magic Mirror 8. Dark Ages 9. Trilogy Suite Op:5
Galera, todo mundo barriga cheia após o nababesco almoço de Dia das Mães, né? Então vamos deixar de papo e cair dentro. A pedida hoje é um bootleg matador de Ronnie James Dio, gravado na sua primeira turnê como artista solo, após o lançamento de Holy Diver, para mim o melhor disco dele.
01. Intro 02. Stand Up And Shout 03. Straight Through The Heart 04. Shame On The Night 05. Children Of The Sea 06. Holy Diver 07. Vinnie's Solo 08. Stargazer 09. Vivian's Solo 10. Heaven And Hell 11. Rainbow In The Dark 12. Man In The Silver Mountain
Ok, galera, Dagda agora vai escrever um treco que vai ofender os brios religiosos de algumas pessoas, mas, paciência. Eu acho Bob Dylan uma das criaturas mais chatas que já caminharam vivas sob o Sol. O fato de um sujeito com aquela voz ter ganhado a vida (e feito fortuna) como cantor é algo que faz diminuir minha já rasteira fé no gênero humano. Vi um show dele, abrindo para os Stones na Apoteose, e considerei uma experiência excruciante.
Agora, claro, vem a ressalva que justifica o post. Embora não suporte Dylan como intérprete, tenho que admitir que ele é talvez o mais importante compositor norte-americano dos últimos 50 anos. A matéria prima de suas canções é tão boa, mas tão boa, que qualquer bom intérprete que pegue, sai com uma obra prima. Os exemplos clássicos são All Along The Watchtower, adotada por Jimi Hendrix, e Like A Rolling Stone, que os supracitados Stones levaram anos para adotar. Ok, Zé Ramalho é um grande intérprete, mas sua versão de Knocking On Heaven’s Door é dolorosa. Como dizia Aldir Blanc, toda regra tem exceção e toda exceção caga regra.
Agora, o que acontece quando um monte de grandes intérpretes pega ao mesmo tempo o material de Dylan? A resposta se deu em outubro de 1992, no Madison Square Garden, de Nova York, quando uma multidão de artistas celebrou no palco os 30 anos de carreira do Belchior americano. O show saiu em CD duplo e VHS. Como ambos estão fora de catálogo desde o século passado, resolvi postar.
Confesso que gosto mais do primeiro disco. É onde estão as interpretações mais ousadas e alguns de meus intérpretes favoritos. Por exemplo, Eddie Vedder arranca das entranhas uma leitura visceral de “Masters Of War”, Stevie Wonder justifica o nome artístico em “Blowing In The Wind”, Johnny Winter surta em “Highway 61 Revisited” e, acima de tudo, Richie Havens, com seu vozeirão e seu violão básico, rouba para si a linda letra de “Just Like A Woman”. Ainda no quesito vozeirão, há que se citar Johnny Cash e lamentar como o ator sofrível Kris Kristofferson nos fez esquecer do bom cantor Kris Kristofferson. Claro, também tem Tracy Chapman, mas nada é perfeito, né?
Já o segundo disco, além de ter o próprio Dylan, me parece uma competição para se saber quem imita melhor Bob Dylan - Chrissie Hynde ganhou, hihihihi.... Claro, tem Clapton e George Harrison, o que é sempre meio caminho andado.
Ah, uma curiosidade, Sinéad O'Connor protagonizou um incidente no evento. Duas semanas antes, ela se apresentara no programa Saturday Night Live, cantando uma versão de “War”, de Bob Marley. Mudando a letra para criticar o abuso sexual de crianças em vez do racismo, ela culminou a performance rasgando uma foto de João Paulo II. O dito cujo, todos sabem, pontificava sobre aquela igreja que expulsa um sujeito se ele mantiver relações sexuais consentidas com uma mulher adulta, mas abafa o caso se ele estuprar uma criança. Como nenhum ato de coragem passa impune, ela virou alvo do “rebanhão”. No show para Dylan, deveria cantar “I Believe In You”, mas foi vaiada tão intensamente que precisou deixar o palco.
Disco 1
1. Like a Rolling Stone (John Cougar Mellencamp) 2. Leopard-Skin Pill-Box Hat (John Cougar Mellencamp) 3. Introduction by Kris Kristofferson 4. Blowin' in the Wind (Stevie Wonder) 5. Foot of Pride (Lou Reed) 6. Masters of War (Eddie Vedder and Mike McCready) 7. The Times They Are A-Changin' (Tracy Chapman) 8. It Ain't Me Babe (June Carter Cash and Johnny Cash) 9. What Was It You Wanted? (Willie Nelson) 10. I'll Be Your Baby Tonight (Kris Kristofferson) 11. Highway 61 Revisited (Johnny Winter) 12. Seven Days (Ronnie Wood) 13. Just Like a Woman (Richie Havens) 14. When the Ship Comes In (The Clancy Brothers, Robbie O'Connell and Tommy Makem) 15. You Ain't Going Nowhere (Mary Chapin Carpenter, Rosanne Cash and Shawn Colvin)
1. Just Like Tom Thumb's Blues (Neil Young) 2. All Along the Watchtower (Neil Young) 3. I Shall Be Released (Chrissie Hynde) 4. Don't Think Twice, It's All Right (Eric Clapton) 5. Emotionally Yours (O'Jays) 6. When I Paint My Masterpiece (The Band) 7. Absolutely Sweet Marie (George Harrison) 8. License to Kill (Tom Petty & the Heartbreakers) 9. Rainy Day Women #12 & 35 (Tom Petty & the Heartbreakers) 10. Mr. Tambourine Man (Roger McGuinn with Tom Petty & the Heartbreakers) 11. It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding) (Bob Dylan) 12. My Back Pages (Bob Dylan, Roger McGuinn, Tom Petty, Neil Young, Eric Clapton, George Harrison) 13. Knockin' on Heaven's Door (Everyone) 14. Girl from the North Country (Bob Dylan)
Ok, galera, esse aqui foi um tour de force. Ripei o áudio de um brilhante DVD ao vivo de David Gilmour gravado no Royal Albert Hall, em Londres, em 2007, na turnê do disco On An Island. Para mim, o show tem um atrativo a mais: a presença de Rick Wright, antigo companheiro de Gilmour no Pink Floyd, nos teclados e vocais. Outras presenças de destaque na banda são Phil Manzanera, guitarrista do Roxy Music, e Dick Parry, que tocou saxofone em três discos do Floyd.
Como é natural, Gilmour está numa situação um pouco análoga à de Paul McCartney: não importa a boa qualidade de sua produção solo, sua participação chave numa banda fundamental para a história do rock vai sempre ter precedência. Por isso, ele abre a apresentação com uma seleção do primeiro lado de The Dark Side Of The Moon. Platéia aquecida, Gilmour mostra as músicas de seu disco solo.
Na segunda parte do programa, ele desfia uma série de Standards do Pink Floyd, abarcando boa parte da carreira do grupo. Sim, eu ainda me emociono ao ouvir Gilmour e Wright cantarem “Echoes”.
Além do repertório sólido (embora pouco ousado) e do evidente talento da banda, merece destaque o time de convidados, quatro lendas do rock. Como no DVD acústico In Concert (áudio também disponível aqui na Caverna), Gilmour conta com a participação do amigo Robert Wyatt, baterista e vocalista do lendário Soft Machine. Em 1971, quando preparava sua banda por SM, Wyatt tomou um porre numa festa e caiu do terceiro andar, ficando paraplégico – o que não o impedir de fazer discos de relativo sucesso depois. Aqui ele participa com um solo de corneta na faixa 9.
Se botar Wyatt tocando corneta já é um luxo, imagine ter como backing vocals David Crosby e Grahan Nash (parceiros de Stephen Stills e Neil Young vocês sabem onde)... Pois é o que Gilmour faz nas faixas 5, 6 e 14, cantando com eles trechos de uma canção de Stills, a faixa 20.
Mas a participação mais luxuosa está no fim, com a entrada no palco de David Bowie. Com ele, Gilmour e companhia fazer uma versão enfezada para “Arnold Layne”, o compacto que deu início à viagem do Pink Floyd, em 1967. Em seguida, fechando o DVD, Bowie divide com Gilmour o vocal da clássica “Comfortably Numb”, que vou comentar mais abaixo.
Como se não bastassem essas 22 músicas, eu ripei também as faixas de áudio do DVD bônus, e aí o bicho pega. Sabe aquela história de repertório pouco ousado? Pois é, as cinco primeiras músicas dos bônus são gravações de outros shows no Albert Hall, incluindo “Dominoes”, do segundo disco solo de Syd Barrett (fundador do Floyd), e ”Wot's... Uh the Deal?”, de Obscured by Clouds, um dos meus discos favoritos do Pink Floyd.
Também entre essas cinco estão versões alternativas de “Arnold Layne” e “Comfortably Numb”, com Richart Wright cantando no lugar de Bowie. Embora prefira a versão da primeira com Bowie, confesso que gostei mais de “Comfortably Numb” com Wright. Para mim, essa música sempre foi um ponto complicado no repertório do Floyd sem Roger Waters e da carreira solo de Gilmour. Nenhuma tentativa de substituir o vocal de Waters me pareceu satisfatória – e olhe que, além de Bowie, Gilmour já tentou três músicos de apoio cantando juntos, Robert Wyatt e até Bob Geldoff. Waters, por sua vez, não corre riscos, em seus shows solo, botou Doyle Bramhall II para imitar descaradamente o vocal de Gilmour. Pois bem, acho que Richard Wright foi quem chegou mais perto. Se não do timbre de Waters, ao menos de sua interpretação.
Os bônus seguem com mais uma música de Barrett, “Dominoes”, e outra antigona do Floyd, “Astronomy Domine”. Depois vem uma versão ao vivo de uma canção nova de Gilmour e uma Jam instrumental. As últimas cinco faixas são do primeiro show da turnê de On An Island.
É isso, espero que gostem – e comentem...
Ah, como ripei em 320 kbps, precisei quebrar num monte de arquivos. Mas vale a maratona.
Disco principal
1. Speak to Me 2. Breathe 3. Time / Breathe (Reprise) 4. Castellorizon 5. On an Island 6. The Blue 7. Red Sky at Night 8. This Heaven 9. Then I Close My Eyes 10. Smile 11. Take a Breath 12. A Pocketful of Stones 13. Where We Start 14. Shine On You Crazy Diamond, Pts. 1-5 15. Fat Old Sun 16. Coming Back to Life 17. High Hopes 18. Echoes 19. Wish You Were Here 20. Find the Cost of Freedom 21. Arnold Layne 22. Comfortably Numb
1. Wot's... Uh the Deal? 2. Dominoes 3. Wearing the Inside Out 4. Arnold Layne 5. Comfortably Numb 6. Dark Globe 7. Astronomy Domine 8. This Heaven 9. Island Jam 10. Castellorizon 11. On an Island 12. The Blue 13. Take a Breath 14. High Hopes
Galera, o negócio agora é porradaria sem erro. Isso aqui é uma seleção de músicas raras da gangue de Lemmy, lançadas numa caixa tripla com o mesmo nome.
Em 256 kbps.
1. Turn You Around Again 2. Under the Knife I 3. Under the Knife II 4. Stand by Your Man (c/ Wendy O’ Williams) 5. Emergency 6. Lemmy goes to the Pub (versão alternativa de Heart Of Stone) 7.Tales of Glory (live) 8. Heart of Stone (live) 9. Hoochie Coochie Man (live) 10. (Don’t Need) Religion (live) 11. Go to Hell (live) 12. One Track Mind (live) 13. Shoot You in the Back (live)
Galera, um pouquinho de progressivo. Anos atrás, meu irmão Mason (meu guru para fins de prog rock) me gravou um CD com músicas de duas bandas européias. O “gancho” do CD era que nenhuma das bandas cantava em inglês. A primeira era o grupo basco Lisker (já disponível aqui na Caverna), um tantinho mais pesado. A segunda era esta aqui.
O quarteto Pentacle foi fundado na França em 1971, fazendo um progressivo mais sinfônico, muito calcado nos ingleses, ainda que cantado na língua materna da banda. Gravaram somente este disco. Um som um pouco mais suave e cheio de texturas que me cativou imediatamente. Anos depois, consegui comprar o CD remasterizado, que vem com três versões ao vivo.
Espero que gostem. Ah, está em 256 kbps.
1. La Clef Des Songes 2. Naufrage 3. L'âme Du Guerrier 4. Les Pauvres 5. Complot 6. Le Raconteur 7. La Clef Des Songes - Live 8. Complot - Live 9. Le Raconteur – Live
MAGGIE KOERNER / Atualização
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Postagem
Repercussão/discussão
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