quinta-feira, maio 28, 2009

Black Sabbath – Live Evil (1983)



Mais que um palíndromo, o primeiro disco ao vivo oficial do Black Sabbath foi motivo para muita polêmica. Quando eu e minha turma ouvimos, nos idos de 1983/84, veio uma dúvida: se o disco é ao vivo, onde diabos (literalmente) está a platéia? Pois é, Live Evil é um disco ao vivo sem público, ou melhor, com o público praticamente inaudível.

A entrada de Ronnie James Dio no Black Sabbath, em 1979, tem duas versões. Segundo o próprio Dio, que acabara de ser demitido do Rainbow, a notícia da saída de Ozzy Osbourne do Sabbath chegou a ele como sendo o fim da banda. Dio então entrou em contato com Tony Iommi para montarem um grupo juntos. O guitarrista teria chamado Geezer Butler e Bill Ward, e, quando deu por si, Dio era o novo vocalista do Black Sabbath. Ele era contra a idéia e achava que deveriam começar algo novo, só com material próprio – o que acabou acontecendo com o projeto Heaven And Hell. A outra versão é mais plausível. Conta que Sharon Arden, filha do empresário do grupo e futura senhora Osbourne, sugeriu o nome de Dio, que foi chamado e ficou muito feliz.

A questão é que, com ele nos vocais, o Black Sabbath lançou dois álbuns brilhantes: Heaven And Hell (1980) e Mob Rules (1981), já com Vinny Appice na bateria. Dio impusera sua marca na banda, mas isso estava criando atritos cada vez maiores. Embora quase todas as canções do Black Sabbath fossem creditadas aos quatro membros, Iommi e Butler eram as forças criativas, com este acumulando (com brilho) a função de letrista. Ozzy, em geral, seguia as instruções que recebia.

Com Dio buraco era mais embaixo. Ele tinha duas décadas de estrada (começou profissionalmente no fim dos anos 50, quando ainda era adolescente), tocava baixo e teclados, escrevia as próprias letras – embora as de Butler fossem melhores – e já era reconhecido como um dos melhores vocalistas do rock pesado. Não ia engolir ser “dirigido” por Butler. O sucesso dos dois discos de estúdio acalmava um pouco as coisas, mas não por muito tempo.

Em 1980, a gravadora NEMS lançou o LP ao vivo Live At Last, com gravações da banda em 1973. Embora o grupo não tivesse participado do (ou aprovado o) lançamento, não havia nada a ser feito, pois as fitas pertenciam ao ex-empresário do Sabbath. O sucesso do disco na Europa e a importação para os EUA e o Reino Unido mostraram que havia muita demanda por um disco ao vivo do grupo. Cabia a Iommi e companhia lançá-lo e faturar. Diversos shows na turnê de Mob Rules foram gravados entre abril e maio; faltava só produzir.

Só que aí a vaca foi para o brejo. Dio, Iommi e Butler tinham dividido, ainda que nem sempre de forma amistosa, o direcionamento musical da banda, ficando a produção dos discos a cargo do grande Martin Birch. Para cuidar das gravações ao vivo, porém, o guitarrista e o baixista deram um chega-pra-lá no cantor e assumiram sozinhos a produção. Dio deixou a banda e levou Vinny Appice a tira-colo. Na época, circularam boatos de que ele teria entrado no estúdio à noite e mexido na mixagem para destacar sua voz e a bateria. Tempos depois os demais membros negaram a fofoca, atribuída a um engenheiro, mas o lançamento mostrou algumas retaliações: Iommi e Butler são as figuras dominantes nas fotos, em detrimento de Dio; o vocalista é creditado como “Ronnie Dio”, sem o “James” de seu nome artístico; Vinny Appice, embora tenha sido creditado como membro efetivo no disco anterior, virou “músico convidado”, junto com o tecladista Geoff Nicholls, que tocava dos bastidores, aparecendo somente em uma pequena foto no canto.

Se é verdade que Dio buliu com a mixagem, jamais saberemos ao certo. O fato é que algo aconteceu de anormal. Embora voz e instrumentos estejam bem claros, a platéia acabou banida. Como dizia minha querida avozinha, “o diabo tanto mexeu no cu do filho que arrombou”. No processo, também, o disco, cujos shows foram gravados em maio de 82, demorou muito a sair, chegando às lojas somente em janeiro de 83. Pau da vida tanto com Live At Last quanto com a notícia de o Sabbath preparava um ao vivo sem ele, Ozzy gravou em setembro e lançou em novembro Speak Of The Devil (disponível aqui na Caverna), só com canções de sua antiga banda e, coincidência ou não, uma platéia ensurdecedora. O resultado é que Live Evil, além de perder as vendas de fim de ano, foi ofuscado pelo disco de Ozzy, que vendeu muito mais. No Brasil isso não aconteceu, pois Speak Of The Devil só foi lançado no fim de 1984, em vistas ao show de Ozzy no primeiro Rock In Rio.

Bem, aqui está a versão completa de Live Evil. No primeiro lançamento em CD, a gravadora cometeu a heresia de cortar “War Pigs” para caber tudo num disco só. A edição remasterizada trazia todas as músicas, mas cortaram toda a conversa com a platéia – o que tornava menos “ao vivo” ainda. Já esta aqui foi do lançamento em CD duplo, tendo até mais bate-papo que o original.

1. E5150
2. Neon Knights
3. N.I.B.
4. Children of the Sea
5. Voodoo
6. Black Sabbath
7. War Pigs
8. Iron Man
9. The Mob Rules
10. Heaven and Hell
11. Sign of the Southern Cross/Heaven and Hell (Continued)
12. Paranoid
13. Children of the Grave
14. Fluff
15. Ending

Download

No vídeo, uma gravação doméstica de “N.I.B.” da mesma turnê.

10 comentários:

Luiz Boscardin disse...

Comprei esse vinilzão na galeria do rock no começo dos anos 90...Quando ouví pela primiera vez não acreditei no peso da banda ao vivo, abrindo com Neon Knights. Tirar WarPigs é sacanagem heim, poi acho a melhor do disco. Realmente, parece que a platéia está a uns 200 metros do palco, mas ainda sim é um bom registro, pois a maiorina dos bootlegs da época não são lá essas coisas.

Deckard disse...

Eu tinha o vinil do Ozzy e esse do Black Sabbath, na epoca não conseguia entender porque achava o disco do Ozzy tão melhor, mesmo com o repertorio do Sabbath incluindo algumas joias como Heaven and Hell, Sign of the Southern Cross, Children of the Sea
e Voodoo. Talvez faltasse o publico gritando.

Luiz Boscardin disse...

Eu já prefiro esse aí. Lembro que quando eu ouví o speak of the devil pela primeira vez eu já conhecia os albuns de estudio do Sabbath e já tina ouvido o Live Evil. Ouvir o ao vivo do Ozzy foi decepcionante. Não gostei do timbre da guitarra, as linhas de baixo estavam totalmente diferentes e no meu entender mais pobres...Parecia uma banda de cover do Sabbath...não gostei. Ao vivo do Ozzy godto do Tribute, Live Loud e o Just say Ozzy com o GZR no baixo.

Anônimo disse...

Clássico!! A voz do Dio ao vivo é impressionante. Tenho o cd simples sem as conversas ao vivo, mas o vinil não tem igual, o timbre da batera está bem melhor. Recomendado. Obrigado pelo post do CD com o show completo.

Anônimo disse...

Tenho o vinil e comprei o cd que numa certa época a falida Abril Music lançou. Devolvi e cd porque estava gravado que nem o cu da Abril, sonoridade horrivel e as faixas todas cortadas. Estava esperando um post como esse, muito obrigado, abraço.

Anônimo disse...

Baixei o do post e é o mesmo da Abril.

Marco Antonio disse...

Eu conheço esta história de forma um pouco diferente. Na época do Live Evil o Dio saiu da banda porque estava mais preocupado com a banda solo (afinal ele já trabalhava no Holy Diver) e estava se dedicando pouco ao Black Sabbath. Isto em uma entrevista do próprio Iommy que eu li.
Já na época do Dehumanizer sim, o Dio saiu da banda (novamente) antes do lançamento do CD por ter entrado no estúdio na calada da noite pra destacar mais os vocais nas músicas. Infelizmente não ouve uma turnê desse que é mais um Álbum impecável do Black Sabbath com Ronnie James Dio. Caso não tenha disponível aqui é uma ótima sugestão.

thiago disse...

Vou conferir! Tenho em CD, Live Evil é muito clássico!

Anônimo disse...

Se é verdade essa mexida na mixagem por pRTE DO dIO PR destacar ,aumentar seus vocais....tava mais que certopq era de longe muito disparado como no Rainbow,o melhor ,mais cativante e que faz alguem parar pra ouvir.Essess grandes ( de fato) compositores,inovadores guitarristas(YOMMI,BLACKMORE)ERAM RAPIDAMENTE postos pelo publico em segundo plano,pq são visivelmente mente inferiores ao Dio em referencia a tecnica,extremo carisma.nao tinham o brilho de Dio....nao tem como explicar.mas é fato queriam um vocalista mto bom...pois conseguiram,melhor que eles hahahha aí ficaram com invejinha e deram piti e demitiram o que parecia o "dono da banda"

Anônimo disse...

DIO FOI DEMITIDO NOS DOIS CASOS POR MESQUINHARIA EGOISMO E FALTA DE CONFIANÇA NO PROPRIO TACO DOS DOIS MEDALHOES EGOCENTRICOS....QUE NUNCA CHEGARÃO AOS PES DO \DIO.BASTA VER COMO ELE CMANDAVA ONDE CHEGAVA.OLHA A MUDANÇA NO SABBATH.ERA ELE A BANDA...O YOMMI FICOU UM MERO QUADJUVANTE E AINDA COPIOU LADY OF THE LAKE (RAINBOW) NO DEHUMANIZER)E UMA DO ZEPELLIN CUJO NOME ME FUGIU.MAS ULTRA CONHECIDA,PLAGIOU SIM ESSES DOIS RIFFS NA CARA DURA "SEU YOOMMI,TAVA MAIS PERDIDO QUE O BATIMAN SEM CAPA" RSRSE AO INVES DE FICAR SATISFEITO COM UM FENOMENO VOCAL EM SUa banda ....se cagou de medo ...pois alem de apavorar como vocALISTA dIO NAO ERA UMA AMEBA E SEM VOZ AO VIVO COMO OZZY,POBRE DIABO NUNCA....NUNCA AGUENTOU UM SHOW CANTANDA SEQUER DESCENTEMENTE....VEJAMSABBATH BLODDY SABBATH A PARTE FINAL....ELE CORTA HAHAHA Q VERGONHA...100%DAS VEZES.MEGALOMANIA ENTAO.....QUASE MORRI DE VERGONHA ALHEIA FRENTE AO TAMANHO DO MICO DO ABOBADO...RSRSRS