sábado, fevereiro 10, 2007

Gary Moore – Dois discos

Eu pretendia levantar estes dois álbuns separadamente, pois, fora o intérprete, eles não têm nada em comum. De repente eu me toquei que esse era um excelente gancho (jargão jornalístico para tema). É comum artistas mudarem gradativamente seu estilo – o Rush, por exemplo, a cada quatro discos é uma banda completamente diferente. O que não é comum é um cara gravar, num intervalo de apenas um ano dois discos tão diferentes entre si (ainda que em estilos com os quais ele tinha familiaridade) e tão bons.

After The War (1989)















Este aqui é um dos meus discos favoritos e, sem dúvida, o mais heavy metal que Moore gravou. Tirando "Ready For Love" (aparentemente uma tentativa de conquistar uma brecha no mercado americano), o resto é só pérola. Guitarra afiada, vocal rascante e, o que nem sempre é regra no gênero, boas letras. "Led Clones", com participação de Ozzy nos vocais, é uma paulada nos imitadores de Led Zeppelin, enquanto "Blood Of Emeralds", talvez a melhor música de Moore, mistura auto-biografia com homenagem ao amigo Phil Lynott, temperada com doses cavalares de orgulho irlandês (daí o "sangue de esmeraldas" do título). Atenção para um vozeirão grave fazendo backing vocals no refrão. É outro irlandês endiabrado, ainda que de outra praia: Andrew Eldritch, voz e alma do Sisters of Mercy.

Participações especiais, aliás, são alguns dos destaques do disco. Na bateria temos os lendários Cozy Powell e Simon Philips; no baixo, Bob Daisley, nos teclados, entre outros, Don Airey, com quem Moore tocou no ótimo Colosseum II. Timaço.

Para finalizar, a versão instrumental que ele fez para "The Messiah Will Come Again", de Roy Buchanan, é tudo.

1. Dunluce (Part 1)
2. After The War
3. Speak For Yourself
4. Livin' On Dreams
5. Led Clones
6. The Messiah Will Come Again
7. Running From The Storm
8. This Thing Called Love
9. Ready For Love
10. Blood Of Emeralds
11. Dunluce (Part 2)

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Still Got The Blues (1990)















Eis que, um ano depois daquela tijolada, Moore lança um disco de blues. Blues inglês, claro. Mais pesado, com uma guitarra um tantinho mais intensa, mas blues. Vale lembrar que, ao embarcar na carreira musical, nos anos 60, Moore tinha como modelo o lendário Peter Green, fundador do Fleetwood Mac, que, para quem não sabe, foi uma das melhores bandas de blues da Inglaterra, antes de virar banda familiar pop nos EUA.

Aqui, Moore literalmente faz a guitarra chorar. Presta homenagem a Green e a B.B. King, conta com participações de Albert Collins e Albert King, dois bluesmen americanos do primeiro time, e de Nick Hopkins, na minha opinião o melhor pianista de rock que a Inglaterra produziu.

Tem músicas de pegada roqueira, como "Walking By Myself", tem boogie e, principalmente, tem aqueles bluesões lentos que parecem concentrar toda a tristeza do mundo. É tão bom que a faixa título conseguiu tocar em rádio e até virar tema de novela brasileira, a despeito de ter mais de seis minutos e um solo quilométrico.

1. Moving On
2. Oh Pretty Woman
3. Walking By Myself
4. Still Got The Blues
5. Texas Strut
6. Too Tired
7. King Of The Blues
8. As The Years Go Passing By
9. Midnight Blues
10. That Kind Of Woman
11. All Your Love
12. Stop Messin' Around

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10 comentários:

Edson d'Aquino disse...

Posso até estar enganado, mas considero 'Still Got The Blues' o pontapé inicial do que hoje denomina-se 'power blues'.
É um discaço!
Abraços,
Edson d'Aquino

Dagda disse...

Edson, só não concordo 100% contigo porque acho que a origem do "power blues" está em Stevie Ray Vaughan. Nos anos 80, enquanto Clapton Robert Cray faziam um blues pop, Vaughan e o Double Trouble mantinham a ligação do estilo com o rock ligada.

Fireball disse...

Quem começou com essa história é difícil dizer, mas antes desse disco do Gary Moore, além do SRV, também é preciso lembrar que, em 1988, Jeff Healey gravou o álbum "See The Light" que é uma pedrada.

Ótimo post !

Aproveitei para pegar o "After The War" que eu ainda não tinha...

Dagda disse...

Boa lembrança, Fireball.

Aliás, cê viu o último disco do Jeff Healey? Nem ele... ouch!

Anônimo disse...

Gary Moore, Eric Clapton, SRV ... quanta coisa boa e insubstituivel!!! Valeu Dagda...

Anônimo disse...

Cara, muito obrigado por esse post! Há tempos eu procuro o Still Got The Blues, mas nunca consegui encontrar pra baixar (exceto via Torrent). Valeu mesmo!
Abraço.
P.S.: "Power Blues" é foda. Não sei quem o criou, mas acho que a popularização veio mesmo com o SRV.

Anônimo disse...

Many thanks for your site and for the Gary Moore albums. Moore is a great musician - there are many great guitar players, but Moore has that something extra that sets him apart.

Anônimo disse...

Valeu Caverna!! Muito muito bom esses cds.

Tattoo

Anônimo disse...

jah baixei uns 4 albuns desse blog e realmente tenho que escrever...
Este blog eh fantastico!!
Parabens ao sr. da caverna do som e muito obrigado por nos proporcionar sons que há muito tempo nao se tem...

JJ

Unknown disse...

pqp, sonzeira. destaque para "The Messiah Will Come Again", para que gosta de trocar idéia com uma guitarra.